'S Wonderful! 'S Marvelous! You should care for me! 'S awful nice! 'S paradise! 'S what I love to see!
segunda-feira, dezembro 31, 2012
sexta-feira, dezembro 28, 2012
84 reais
Nunca pensei que veria algo tão bonito e encantador. Férias. Cidade do Rio de Janeiro. Calor. A casa estava lotada. Arquitetura e decoração incríveis. Afinal, era uma construção de 1909 - e eu levei 103 anos para conhecer a beleza desse lugar: Teatro Municipal. Primeiro ato.
Assim que as luzes se apagaram as cortinas abriram e um cenário lindo apareceu. Aos poucos bailarino por bailarino entrando em cena...numa sincronia perfeita, com total entrosamento estético. Mas para que tudo isso ficasse tão bonito foi preciso aliar à beleza do ballet a música clássica. Uma orquestra executava Tchaikovsky. Eu, meus ouvidos e meu coração no paraíso. Sopros, metais, cordas e aquele som enfeitiçador que vinha da harpa. O conjunto da obra só podia ter resultado numa das expressões artísticas mais belas que presenciei. Segundo ato.
É como se congelassem o tempo e eu estivesse tão envolvida naquela apresentação que nada de ruim poderia acontecer ali. E de fato, nada aconteceu. O corpo de baile executou toda a peça com leveza, técnica e perfeição. Não houve erro em nenhum pas de deux (aquela hora que o casal de bailarinos dança junto). E sei disso, porque, como filha de uma bailarina aprendi muito sobre dança e claro dancei ballet durante seis anos. Não que eu seja alguém que hoje saiba executar um simples plie com dignidade, não, não consigo, mas vendo tudo aquilo não tinha como não saber que estava absolutamente tudo em ordem, no seu devido lugar. Ah, não posso esquecer dos músicos, escrevo esse post ouvindo a obra do russo Tchaikovsky e me lembrando da execução musical, coro e regência da orquestra. Esses músicos, um dia, ainda me matam do coração. Claro que a composição era uma velha conhecida, que muitos aqui já ouviram no trecho do clássico Fantasia da Disney, que conheci ainda criança. Vai ver vem de lá meu gosto pela música clássica. Ah, eu falei do autor mas não citei a composição em questão. Vi e ouvi "O quebra nozes". Um épico. Uma história natalina de encanto e alegria. É impossível não ver e sentir a beleza da arte depois de duas horas de puro fascínio e beleza. E tudo isso de forma tão acessível. Foram apenas 84 reais. Os mais bem gastos em quase 30 anos de vida. Um viva aos que trabalham - e muito - para deixar a cultura disponível para pessoas como eu e você.
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segunda-feira, dezembro 24, 2012
quinta-feira, dezembro 20, 2012
domingo, dezembro 16, 2012
quinta-feira, dezembro 06, 2012
terça-feira, dezembro 04, 2012
Antes que o mundo acabe...
Eu quero
Estar nos teus braços
Tomar banho de mar
Ler poesia
Comer sashimi de salmão
Dançar rock com a Helena
Embalar o Joaquim na pracinha
Falar bobagens
Rir com a turma Deti Metal da Famecos
Andar de skate
Correr de noite na praia
Ganhar uma chuva de beijos
Estender a cama com lençóis novinhos
Continuar amando minha louca profissão
Manter a cartilagem dos meus joelhos
Contar sempre a verdade
Ganhar um presente inesquecível
Ver meu pai
Lembrar da minha mãe
Abraçar meus amigos
Sentir o vento no rosto
Caminhar no meio do mato
Ser a única vencedora do Jorgite
Parar com o chocolate
Voltar pro Yoga
Receber flores
Limpar a casa
Lavar a alma
Gargalhar
Sambar na Portela (Eu nunca vi coisa mais bela)
Um novo desafio
Beijos de tirar de fôlego
Doudas aventuras
Te amar!
Estar nos teus braços
Tomar banho de mar
Ler poesia
Comer sashimi de salmão
Dançar rock com a Helena
Embalar o Joaquim na pracinha
Falar bobagens
Rir com a turma Deti Metal da Famecos
Andar de skate
Correr de noite na praia
Ganhar uma chuva de beijos
Estender a cama com lençóis novinhos
Continuar amando minha louca profissão
Manter a cartilagem dos meus joelhos
Contar sempre a verdade
Ganhar um presente inesquecível
Ver meu pai
Lembrar da minha mãe
Abraçar meus amigos
Sentir o vento no rosto
Caminhar no meio do mato
Ser a única vencedora do Jorgite
Parar com o chocolate
Voltar pro Yoga
Receber flores
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quinta-feira, novembro 29, 2012
terça-feira, novembro 27, 2012
Dessas músicas que resumem minha vida...
Me gusta estar a un lado del camino
fumando el humo mientras todo pasa
me gusta abrir los ojos y estar vivo
tener que vérmelas con la resaca
entonces navegar se hace preciso
en barcos que se estrellen en la nada
vivir atormentado de sentido
creo que ésta, sí, es la parte mas pesada
en tiempos donde nadie escucha a nadie
en tiempos donde todos contra todos
en tiempos egoístas y mezquinos
en tiempos donde siempre estamos solos
habrá que declararse incompetente
en todas las materias de mercado
habrá que declararse un inocente
o habrá que ser abyecto y desalmado
yo ya no pertenezco a ningún istmo
me considero vivo y enterrado
yo puse las canciones en tu walkman
el tiempo a mi me puso en otro lado
tendré que hacer lo que es y no debido
tendré que hacer el bien y hacer el daño
no olvides que el perdón es lo divino
y errar a veces suele ser humano
no es bueno hacerse de enemigos
que no estén a la altura del conflicto
que piensan que hacen una guerra
y se hacen pis encima como chicos
que rondan por siniestros ministerios
haciendo la parodia del artista
que todo lo que brilla en este mundo
tan sólo les da caspa y les da envidia
yo era un pibe triste y encantado
de Beatles, caña Legui y maravillas
los libros, las canciones y los pianos
el cine, las traiciones, los enigmas
mi padre, la cerveza, las pastillas los misterios el whiskymalo
los óleos, el amor, los escenarios
el hambre, el frío, el crimen, el dinero y mis 10 tías
me hicieron este hombre enreverado
si alguna vez me cruzas por la calle
regálame tu beso y no te aflijas
si ves que estoy pensando en otra cosa
no es nada malo, es que pasó una brisa
la brisa de la muerte enamorada
que ronda como un ángel asesino
mas no te asustes siempre se me pasa
es solo la intuición de mi destino
me gusta estar a un lado del camino
fumando el humo mientras todo pasa
me gusta regresarme del olvido
para acordarme en sueños de mi casa
del chico que jugaba a la pelota
del 49585
nadie nos prometió un jardín de rosas
hablamos del peligro de estar vivo
no vine a divertir a tu familia
mientras el mundo se cae a pedazos
me gusta estar al lado del camino
me gusta sentirte a mi lado
me gusta estar al lado del camino
dormirte cada noche entre mis brazos
al lado del camino
al lado del camino
al lado del camino
es mas entretenido y mas barato
al lado del camino
al lado del camino
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segunda-feira, novembro 26, 2012
A vida é tão rara
A hora certa pode ter passado e você ficou pensando no que afinal? Já se vão alguns bons anos e o tempo é inimigo dos que - como eu - tem pressa para serem felizes. Não há nada que determine o certo e o errado. Basta deixar o coração te levar. Da única e - última vez - que isso aconteceu achei que aquilo fosse uma brincadeira. Ledo engano. O tempo maldoso passou. Agora, conto os segundos. A vida é (tão) rara. Espero por uma pergunta. Será?!
terça-feira, novembro 20, 2012
Explicação
O pensamento é triste; o amor, insuficiente;
e eu quero sempre mais do que vem nos milagres.
Deixo que a terra me sustente:
guardo o resto para mais tarde.
Deus não fala comigo - e eu sei que me conhece.
A antigos ventos dei as lágrimas que tinha.
A estrela sobe, a estrela desce...
- espero a minha própria vinda.
(Navego pela memória
sem margens.
Alguém conta a minha história
e alguém mata os personagens.)
Cecília Meireles, como nos entendemos.
segunda-feira, novembro 19, 2012
Ruínas
"Deixe-me apenas uma cadeira de palha, amarela, para olhar com piedade o que fui e me deslumbrar com as ruínas".
domingo, novembro 18, 2012
O mais é nada
" ...
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca.
Se achá-lo, segure-o!
"Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada".
Grande Fernando Pessoa
quinta-feira, novembro 15, 2012
quarta-feira, novembro 14, 2012
Cocktail Party
Não tenho vergonha de dizer que estou triste,
Não dessa tristeza ignominiosa dos que, em vez de se matarem, fazem poemas:
Estou triste por que vocês são burros e feios
E não morrem nunca...
Minha alma assenta-se no cordão da calçada
E chora,
Olhando as poças barrentas que a chuva deixou.
Eu sigo adiante. Misturo-me a vocês. Acho vocês uns amores.
Na minha cara há um vasto sorriso pintado a vermelhão.
E trocamos brindes,
Acreditamos em tudo o que vem nos jornais.
Somos democratas e escravocratas.
Nossas almas? Sei lá!
Mas como são belos os filmes coloridos!
(Ainda mais os de assuntos bíblicos...)
Desce o crepúsculo
E, quando a primeira estrelinha ia refletir-se em todas as poças d'água,
Acenderam-se de súbito os postes de iluminação!
Mário Quintana
sexta-feira, novembro 09, 2012
Tatuagem
Eu não lembrava dessa história. Foi um tipo de amnésia que deletou o episódio da minha vida. Sem motivo aparente. Acho que foi em 2004 ou 2005, talvez 2006. Juro que não lembro. Mas nessa semana um amigo relembrou o fato. E eu voltei ao estado de choque que lá naquela época havia ficado. Hoje, mais velha, deixo a estranheza de lado e acho até bonito: cravar na própria pele a lembrança de quem se gosta. ; )
terça-feira, outubro 30, 2012
sexta-feira, outubro 19, 2012
quinta-feira, outubro 18, 2012
Canções do Mundo Acabado
Meus olhos andam sem sono,
somente por te avistarem
de uma tão grande distância.
De altos mastros ainda rondo
tua lembrança nos ares. O resto é sem importância.
Certamente, não há nada de ti
sobre este horizonte,
desde que ficaste ausente
Mas é isso o que me mata:
sentir que estás não sei onde,
mas sempre na minha frente.
Não acrediteis em tudo
que disser a minha boca
sempre que te fale ou cante.
Quando não parece, é muito,
quanto é muito, é muito pouco,
e depois nunca é bastante...
Foste o mundo sem ternura
em cujas praias morreram
meus desejos de ser tua.
A água salgada me escuta
e mistura nas areias
meu pranto e o pranto da lua.
Penso no que me dizias,
e como falavas, e como te rias...
Tua voz mora no mar.
A mim não fizeste rir
e nunca viste chorar.
(Porque o tempo sempre foi longo
para me esqueceres
e curto para te amar).
Cecília Meirelles
quarta-feira, outubro 17, 2012
segunda-feira, outubro 15, 2012
quarta-feira, outubro 10, 2012
terça-feira, outubro 09, 2012
segunda-feira, outubro 08, 2012
sexta-feira, outubro 05, 2012
quinta-feira, setembro 27, 2012
quarta-feira, setembro 26, 2012
terça-feira, setembro 25, 2012
Saguão
Desci antes da hora
Apressei-me ainda mais
No desembarque
Procuro ele
Ele me procura
E ao cruzar olhares o corpo pára.
Camisetas e sapatos iguais.
Risos
E até uma vergonha.
Sincronia.
Almas gêmeas.
Idênticos.
Simples, como o Amor.
Apressei-me ainda mais
No desembarque
Procuro ele
Ele me procura
E ao cruzar olhares o corpo pára.
Camisetas e sapatos iguais.
Risos
E até uma vergonha.
Sincronia.
Almas gêmeas.
Idênticos.
Simples, como o Amor.
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segunda-feira, setembro 24, 2012
domingo, setembro 23, 2012
Primavera
O sol queima, arde, incendeia. Ahn,o verão é sempre cheio de felicidades. Já no outono as folhas caem com a promessa dos bons ventos. O entardecer alaranjado, quanta paz.. Mas quando chega o inverno com a sua frieza algo vai embora. A morte. A ausência. A tristeza aparecem. Agora tenho uma pequena esperança. A de que a primavera não seja chuvosa. Principalmente para os meus olhos.
terça-feira, setembro 18, 2012
quarta-feira, setembro 05, 2012
domingo, setembro 02, 2012
sexta-feira, agosto 31, 2012
Me faz lembrar dela, sempre
Ô minha linda, minha neguinha
O meu café ficou tão sozinho
Os meninos que passam
Eu olho sem ter pra quem mostrar
Ô minha linda, minha neguinha
Histórias que eu conto no vento
Eu me sento aqui pra ladainha
Eu me sento aqui avoadinha
Eu guardo no bolso
Eu guardo no bolso as histórias da Dona Sinhá
Mas me falta tu mesmo
E teu jeito de me contar
E eu guardo no bolso
Eu guardo no bolso da Dona Sinhá
Histórias que tu me traz
E as flores começam a girar
O sol se põe na pracinha
E eu me sentei cantando sozinha
O sol se põe lá na pracinha
E eu me sentei sonhando quetinha
O sol se põe lá na pracinha
E eu me sentei cantando sozinha
segunda-feira, agosto 27, 2012
domingo, agosto 19, 2012
quinta-feira, agosto 16, 2012
Les soir ou Les illusions perdus
Passaram-se alguns anos e aquela imagem continuava na minha memória. Horizontal, absoluta, linda. Percorri sites e mais sites procurando por ela. Até que lembrei que durante a visita ao Louvre eu escrevi numa caderneta o nome do pintor o ano e o nome da tela. Tarefa difícil foi encontrar a dita cuja, a caderneta. Mas agora, agorinha mesmo, no meio de uma arrumação no meu chamado "quarto de vestir", ou melhor "quarto da bagunça", eu encontrei. Revirei as folhas afoita e no alto de uma página, escrito a lápis estava o nome de Charles Gleyre, Paris 1874. Corri pro google, digitei e lá aparece o lindo lindo lindo quadro que há anos dá voltas na minha mente.
Eis a pintura, linda e que sou apaixonada...
E detalhe, no meio da minha pesquisa descobri que o Charles Gleyre é o famoso professor de Renoir e Monet, ele na verdade é o pai do impressionismo. Para saber mais clique aqui!
terça-feira, agosto 14, 2012
Esse é o meu clima
I bet you look good on the dancefloor
I don't know if your looking for romance or...
I don't know if your looking for romance or...
sábado, agosto 11, 2012
quarta-feira, agosto 08, 2012
J'adore!
"Même si tu as des problèmes tu sais que je t'aime ça t'aideras
Laisse les autres totems, tes droles de poèmes et viens avec moi".
segunda-feira, agosto 06, 2012
E que venha o "islã das luzes"
Um dia todos os homens vão amar e respeitar suas mulheres, seja aqui ou naquele oriente machista e opressor que enfia burca nelas. Pelo menos é o que passou na minha cabeça quando vi esse filme.
O longa "La source des femmes", do diretor romeno Radu Mihaileanu (o mesmo do engraçadíssimo "O concerto" ) usa o humor para narrar o drama e a guerra entre os sexos numa aldeia muçulmana no Magreb, norte da África. Inteiramente falado na língua árabe, a coprodução da França, Bélgica e Itália concorreu à Palma de Ouro em Cannes de 2011. E mereceu viu!
Musical e festivo "A fonte das Mulheres" lança um olhar diferente sobre o islã. Mostra que existem sim, pessoas capazes de revolucionar a sociedade careta e estúpida que reina por lá. Na pequena aldeia, que vive do turismo porque a seca, o desemprego e a falta de vontade política deixaram eles parados no tempo, as mulheres são obrigadas a realizarem o trabalho pesado. Como por exemplo, buscar a água no alto de uma colina. Sempre levando baldes nas costas várias delas - inclusive grávidas - caem, se machucam e algumas perdem os filhos.
Cansada disso a forasteira Leila ( Leila Bekhti, de "O profeta"), uma das raras mulheres que sabe ler, lidera uma greve de sexo, procurando forçar os homens locais a se mexerem para resolver os problemas do povoado. A greve vira quase uma guerra.
O marido de Leila, Sami (Saleh Bakri, "A banda"), está entre os homens liberais, é professor, ensina a mulher a ler, respeita os arroubos da amada e tolera o passado da jovem. É um exemplo de árabe, islamita, ou que seja, a ser seguido. Porém dezenas de homens da aldeia recebem a idéia com intolerancia e impaciencia e partem para agressão. Lá pelas tantas, por ser tratar do mundo árabe, a questão religiosa tenta se impor.
O filme trata de assuntos sérios, e são as canções (que no início me deixaram em dúvida se deveriam ser inseridas ou não), que tornaram a história mais leve. Afinal, como tratar de assuntos que afrontam o fundamentalismo religioso, cultural e social?! Para o diretor, não houve problemas, acho que ele colocou o dedo na ferida certa principalmente em uma época onde vimos várias rebeliões e quedas de líderes no mundo árade (Síria, Egito).
Religião, cultura, atraso, machismo, opressão e vitória. Os ingredientes certos para mostrar que "o islã das luzes" está por vir, e nele homens e mulheres serão todos iguais.
segunda-feira, julho 30, 2012
Now you just somebody that I used to know
Sonzera do Gotye, que tem a voz beeem parecida com a do Sting!
segunda-feira, julho 23, 2012
sexta-feira, julho 20, 2012
(e são poucos)
Vamos!
Corram!
Imperativos.
Hiperativos.
O mundo é deles.
Ao meu redor.
Cantam, confabulam.
Choram, crescem.
Nada me dói tanto quanto magoá-los.
O riso deles é a melhor parte do meu dia.
E os dias são high high high
E em alguns segundos nem.
Colhem o melhor da vida
Vão embora
Constroem lares
Geram filhos.
Não sei como
Nem por causa de quê
Comem relativamente pouco
Bebem muito
Ou já beberam
Uns tem a pele rosada
Outros cachos negros
Algumas covinhas
Outras pintinhas
São todos tão únicos
Mas simultaneamente tão meus.
Amo-os
(e são poucos)
Para sempre
Meus amigos.
quarta-feira, julho 18, 2012
Obrigada
O ar condicionado esquenta o quarto
Abro a porta e sinto aquela inconstância dos climas opostos
Tem dias que olho o passado
Com a nostalgia doce dos pequenos gestos
Inúteis, mas precisos.
Nas esquinas nada é novo
E tudo se transforma
Faz frio
Como não fazia há tempos
Reluto.
Mas a mudança está bem na cara
Logo ali na minha frente
Um mundo doudo de aventuras
O varal está vazio.
Eu ainda não disse
O que mais importava
Obrigada!
*
terça-feira, julho 17, 2012
Pensée profonde
"Mais quand quelqu'un qu'on aime mort...alors je peux vos dire qu'on ressent ce que ça veut dire et ça fait très très très mal. C'est comme un feu d'artifice qui s'éteindt d'un coup et tout devient noir. Je me sens seule, malade, j'ai au coeur et chaque mouvement me coûte des efforts colossaux".
(L'élégance du hérisson, Muriel Barbery).
domingo, julho 15, 2012
sábado, julho 14, 2012
Quando uma guerra nos leva longe
Acho o máximo ver as estrelas, estudar os planetas e tentar desvendar os mistérios do universo. Sou apaixonada por observatórios e planetários. Sempre tive uma queda pela astronomia (vai ver é por isso que vivo no mundo da lua)! Mas eu nunca tinha parado para ler, ver ou ouvir a história da corrida espacial e foi lá, no meio da Livraria Cultura, que apareceu bem na minha frente o blue ray que poderia matar a minha curiosidade cósmica. Comprei o documentário da BBC "Space Age - A história na Nasa" esperando saber a história dessa agência espacial tão famosa e apaixonante, mas fui pega de surpresa com a qualidade do material desenvolvido. Imagens reveladoras, alta definição, depoimentos emocionantes e um fio condutor que mostra derrotas e vitórias da tentativa do homem em desvendar a vastidão do universo.
Assistindo os episódios eu lembrei dos primórdios da exploração espacial motivada pela famosa Guerra Fria que tanto estudei nas aulas de História e Geografia. A briga entre os EUA e a URSS (a antiga União Soviética, lembram?), nos levou longe. Muito longe! Graças a essa briga fomos parar na gravidade zero, num lugar cheio de coisas para descobrir. Uma guerra que levou a humanidade a sair do planeta e ver que ele é ainda mais bonito quando é visto de longe.
"A Terra é azul. Como é maravilhosa. Ela é incrível"! - Yuri Gagarin, primeiro homem a ir para o espaço.
Vendo os astronautas e os cosmonautas (adoro essa definição russa), dá uma vontade de embarcar naqueles foguetes, atravessar a estratosfera e ficar na órbita da terra só olhando aquela bola azul e gigante. Num dos depoimentos um astronauta diz que se o tempo está bom é possível ver litorais inteiros e alguns continentes, e que eles são iguaizinhos aos dos mapas. Me arrepio só de imaginar essa visão lá do alto.
Mas calma, nem tudo é tão poético assim. Os episódios passam por momentos reais de suspense como o que aconteceu com a Apollo 13, problemas em naves e até tragédias como a do ônibus espacial Challenger, com toda a tripulação morta. Sem esquecer dos percalços do Hubble, a máquina fotográfica mais cara do universo. Porém tem cenas e relatos maravilhosos como a chegada do homem a lua. Coisa que eu até desacreditava um pouco, afinal eu não estava viva para ver, e no mais, duas super potências brigavam para ver qual tinha mais poder tecnológico, como a Rússia já tinha dado o pontapé inicial com o primeiro homem no espaço, Yuri Gagarin, sobrou para os americanos a chegada a lua. Era muito mais uma questão de honra, entende?!
"Este é um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade" - Neil Armstrong, 20 de julho de 1969.
O importante é que eles foram! Chegaram, fotografaram, filmaram....fizeram do momento um espetáculo, um sonho que graças a tecnologia - dá-lhe blue ray - ficou ainda mais bonito de se ver. Ahhh mas porque não voltam para a lua??? Em HD seria melhor ainda...ora, porque agora não vale a pena repetir. Para quê gastar milhões de dólares se já fomos na lua e não tem nada lá. Agora, a ambição tem que ser outra. Há um universo incrível nos esperando, planetas, galáxias, estrelas cadentes, corpos cósmicos indecifráveis, bilhões e bilhões de constelações e todos continuarão ali. Para sempre! Bem no céu, sob nossas cabeças, por milhares de anos.
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sexta-feira, julho 13, 2012
sábado, julho 07, 2012
Etc e tal
Puxões de cabelo. joelhos novos. rocknroll. chocolate que não engorda. pernas finas.
ceva na torneira. não dormir como uma vampira. crianças. feriados. dentes ainda mais brancos.
tempo. tapis rouge. abrir supercílios alheios. jazz ao vivo. praia. boca vermelha.mais museus.
não sofrer. grafite. minha mãe. desafios. fotos. mordidas. viagens. Um vestido azul.
Foo Fighters. faxineira. milhões. risadas. beijinhos no ombro. livros. full time to paint.
cachos. gols do Grêmio. sol. chimarrão. finais de semana. um piano. paz. art nouveau.
louça limpa. casa limpa. Red hot. aviões. time lapse. água. um poema ao pé do ouvido.
flores. gargalhadas. café na cama. almoço na cama. janta na cama. filmes.
cócegas. nunca ter ressaca. amor. fones de ouvido. ACDC.
;)
quinta-feira, julho 05, 2012
sexta-feira, junho 29, 2012
quinta-feira, junho 21, 2012
quarta-feira, junho 20, 2012
Essa música tem dono
I don't eat
I don't sleep
I do nothing but think of You
I don't eat
I don't sleep
I do nothing but think of You
You keep me under your spell
You keep me under your spell
You keep me under your spell
Hey ! - Ye!
I was wondering did You know different between love and obsession
No!
And whats the different between obsession and disare
I don't know!
Do You think this feeling can last forever?
You mind forever ever ?
Sure!
God , i hope so!
Me too !
I don't eat
I don't sleep
I do nothing but think of You
I don't eat
I don't sleep
I do nothing but think of You
You keep me under your spell
You keep me under your spell
You keep me under your spell
quinta-feira, junho 14, 2012
terça-feira, junho 12, 2012
segunda-feira, junho 04, 2012
Na parede
" Na conversa eu perguntei qual o sinal da paixão incondicional: Comprar aliança? Casar? Viver junto? Ter filhos? Repartir as contas?
O quê afinal? De que modo expressaria o fim da busca?
Ela me olhou. Tirou os óculos e envelheceu dez anos. Pedi para que colocasse os óculos para voltar
à minha idade. Alinhou as lentes e respondeu: - Fazer um retrato pintado com ele.
Pensei e vi que tinha razão. Um retrato na parede pára o tempo dentro de casa. Não há saída: o ceticismo é uma fé ao contrário. E pensando com calma, vi que a moldura pode ser uma aliança".
Lendo esse trecho me dei conta que isso já foi. Agora é esperar que o pó não deixe a tela envelhecer rapidamente.
O quê afinal? De que modo expressaria o fim da busca?
Ela me olhou. Tirou os óculos e envelheceu dez anos. Pedi para que colocasse os óculos para voltar
à minha idade. Alinhou as lentes e respondeu: - Fazer um retrato pintado com ele.
Pensei e vi que tinha razão. Um retrato na parede pára o tempo dentro de casa. Não há saída: o ceticismo é uma fé ao contrário. E pensando com calma, vi que a moldura pode ser uma aliança".
Lendo esse trecho me dei conta que isso já foi. Agora é esperar que o pó não deixe a tela envelhecer rapidamente.
domingo, junho 03, 2012
sexta-feira, junho 01, 2012
quarta-feira, maio 30, 2012
quinta-feira, maio 24, 2012
66
Ele me observa.
Me ajuda.
Me critica.
Me ama.
Me liga.
É paciente, generoso.
Tem bom senso.
É justo.
Nunca ergueu a mão.
Gosta de abacate.
Churrasco.
Rádio.
Futebol.
Caminhada depois do almoço.
( Pra digerir, sabe como é.)
Tem sardinhas pelo rosto e pelos braços.
É baixinho.
Gringo.
Tem olhos castanhos claros.
Quando eu o conheci tinha madeixas avermelhadas e crespas.
É engraçado.
A barba dele era ruiva.
Me tira do sério com brincadeiras de guri.
Gosta de video game.
Quebra cabeça.
Jogos de memória e fotografia.
Sabe tudo sobre água.
Viveu dela.
Era esquerdista.
Se decepcionou.
Fala muito.
Pergunta muito.
É geminiano.
E isso pouco importa.
Tem caráter.
É bonzinho demais.
É fera em números, gráficos, desenhos.
É orgulhoso.
Me liga todos os dias.
É importante.
Presente.
E eu morro de saudades.
Ama a vida.
Reclama dela.
Gosta de vinho branco.
E de cerveja preta.
Torce para um time horrível.
Mas me deu a vida.
E hoje, eu é quem celebro a vida dele:
66 anos.
Parabéns Papai!
E mesmo longe saiba que EU TE AMO MUITO!
E para sempre.
Me ajuda.
Me critica.
Me ama.
Me liga.
É paciente, generoso.
Tem bom senso.
É justo.
Nunca ergueu a mão.
Gosta de abacate.
Churrasco.
Rádio.
Futebol.
Caminhada depois do almoço.
( Pra digerir, sabe como é.)
Tem sardinhas pelo rosto e pelos braços.
É baixinho.
Gringo.
Tem olhos castanhos claros.
Quando eu o conheci tinha madeixas avermelhadas e crespas.
É engraçado.
A barba dele era ruiva.
Me tira do sério com brincadeiras de guri.
Gosta de video game.
Quebra cabeça.
Jogos de memória e fotografia.
Sabe tudo sobre água.
Viveu dela.
Era esquerdista.
Se decepcionou.
Fala muito.
Pergunta muito.
É geminiano.
E isso pouco importa.
Tem caráter.
É bonzinho demais.
É fera em números, gráficos, desenhos.
É orgulhoso.
Me liga todos os dias.
É importante.
Presente.
E eu morro de saudades.
Ama a vida.
Reclama dela.
Gosta de vinho branco.
E de cerveja preta.
Torce para um time horrível.
Mas me deu a vida.
E hoje, eu é quem celebro a vida dele:
66 anos.
Parabéns Papai!
E mesmo longe saiba que EU TE AMO MUITO!
E para sempre.
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segunda-feira, maio 21, 2012
domingo, maio 20, 2012
Me identifico
Estrela, estrela
Como ser assim
Tão só, tão só
E nunca sofrer
Brilhar, brilhar
quase sem querer
Deixar, deixar,
Ser o que se é
No corpo nu
Da constelação
Estás, estás
Sobre um mas das mãos
E vais e vens
Como um lampião
Ao vento frio
De um lugar qualquer
É bom saber
Que és parte de mim
Assim como és
parte das manhãs
Melhor, melhor
É poder gozar
Da paz, da paz
Que trazes aqui
Eu canto, eu canto
Por poder te ver
No céu, no céu
Como um balão
Eu canto e sei
Que também me vez
Aqui, aqui
Com essa canção
quinta-feira, maio 17, 2012
quarta-feira, maio 16, 2012
Jornalismo, vale a pena, vale a vida
Essa é a minha vida: a aventura do jornalismo! A arte de contar histórias, o calor da hora, o cabelo que fica descabelado, a correria atrás de uma vítima, a necessidade de ter todas as imagens, lances, momentos, a tensão, o calor da hora. Tudo isso corre nas minhas veias e, quando vai ao ar, dá gosto, muito gosto de ser repórter e noticiar o que há de mais importante para o Brasil e o mundo. Hoje, por pouco, não foi uma tragédia.
terça-feira, maio 15, 2012
Branquíssimos
Me diziam: parecem marfins de elefantes africanos.
E eu sempre acreditei. Mesmo não me impressionando facilmente. O problema é que reparo em tudo. Tudo mesmo. E nessas observações tão atentas já cheguei a conclusão de que só a inteligência é afrodisíaca. Ah, tem o humor - é claro - afinal, ele é a última trincheira de resistência à chatice que o mundo moderno nos oferece.
Na babilônia de asfalto e cimento não é diferente.
Vejo todos. Sento do lado direito dos táxis.
No lado esquerdo das viaturas.
E na frente dos que me interessam.
Gosto do estilo, das ruas.
Dos jovens, dos loucos.
Menos dos solitários.
Ahhh...
Convescotes?
Não sei. Lá nas minhas bandas é diferente.
E o problema não é o tamanho.
Grande mais, barulhenta demais.
Não!
Tem vezes que me sinto um restaurante vazio.
Mesas postas, pratos brancos.
Guardanapo dobrado no capricho.
Sempre na espera de alguém que nunca chega.
Não achei vinho orgânico. Ainda não cheguei nos redutos mais interessantes.
Não vi nada.
E apesar do tempo, do trabalho e da solidão, gosto de rir.
E como!
E até agora a única coisa que me impressionou ou será que assustou?!
Foi o riso.
1,2,3
Plim-plim
É que o deles era branco, puríssimo.
Propaganda de dentadura.
Devem gastar muito tempo
Ou até mesmo o pouco que resta
Na cadeira do dentista.
Na babilônia de asfalto e cimento não é diferente.
Vejo todos. Sento do lado direito dos táxis.
No lado esquerdo das viaturas.
E na frente dos que me interessam.
Gosto do estilo, das ruas.
Dos jovens, dos loucos.
Menos dos solitários.
Ahhh...
Convescotes?
Não sei. Lá nas minhas bandas é diferente.
E o problema não é o tamanho.
Grande mais, barulhenta demais.
Não!
Tem vezes que me sinto um restaurante vazio.
Mesas postas, pratos brancos.
Guardanapo dobrado no capricho.
Sempre na espera de alguém que nunca chega.
Não achei vinho orgânico. Ainda não cheguei nos redutos mais interessantes.
Não vi nada.
E apesar do tempo, do trabalho e da solidão, gosto de rir.
E como!
E até agora a única coisa que me impressionou ou será que assustou?!
Foi o riso.
1,2,3
Plim-plim
É que o deles era branco, puríssimo.
Propaganda de dentadura.
Devem gastar muito tempo
Ou até mesmo o pouco que resta
Na cadeira do dentista.
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segunda-feira, maio 14, 2012
domingo, maio 13, 2012
Para sempre
Por que Deus permite
que as mães vão se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não se apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade
sexta-feira, maio 11, 2012
quinta-feira, maio 10, 2012
segunda-feira, abril 30, 2012
quarta-feira, abril 25, 2012
terça-feira, abril 24, 2012
terça-feira, abril 17, 2012
segunda-feira, abril 16, 2012
domingo, abril 15, 2012
terça-feira, abril 10, 2012
Descemos quietos
Despretensioso.
Curto.
Inexpressivo.
É isso. Isso que posso dizer dele.
Tudo aconteceu numa fração de segundos.
Foi de repente.
Depois de 28 anos e 8 meses.
Ele tinha que aparecer.
De relance.
Quebrando toda a minha história.
Talvez mudando o rumo da minha vida.
Era como uma afronta, uma humilhação.
A primeira vez?!
A do primeiro sentimento de raiva.
Que seria uma mistura de susto com perplexidade.
Foi quase um pesadelo.
Nos cruzamos no elevador.
Frente a frente.
Olhos grudados no espelho.
Não acreditando que aquilo estava acontecendo.
Ele e eu.
Eu e ele.
Não estávamos sozinhos.
Tentamos nos controlar.
Eu mais ainda.
Essa fúria espartana louca para se tornar realidade.
Mãos firmes.
Térreo.
Descemos quietos.
Ainda em choque.
Algumas horas se passaram.
Tentei esquecer do assunto.
Voltei. Pensei que nunca mais o veria.
Ledo engano.
O raio caiu duas vezes no mesmo lugar.
Eu entrei no elevador.
Ele comigo.
Mais uma vez.
Ele e eu.
Eu e ele.
Decidi tomar uma atitude.
Aproximei meu rosto ao máximo.
Fitei o espelho.
Não acreditando no que via.
Forcei a retina.
Subi as mãos.
Como se estivesse sendo assaltada.
A surpresa me embasbacou na primeira vez.
Mas naquele momento foi diferente.
Tomei coragem.
Movimentos bruscos.
Um busca certeira.
Olhos como se fossem lupas.
Dedos rápidos e uma confirmação..
Aquilo era ele.
Ele mesmo.
O meu primeiro (e mísero) fio de cabelo branco.
Curto.
Inexpressivo.
É isso. Isso que posso dizer dele.
Tudo aconteceu numa fração de segundos.
Foi de repente.
Depois de 28 anos e 8 meses.
Ele tinha que aparecer.
De relance.
Quebrando toda a minha história.
Talvez mudando o rumo da minha vida.
Era como uma afronta, uma humilhação.
A primeira vez?!
A do primeiro sentimento de raiva.
Que seria uma mistura de susto com perplexidade.
Foi quase um pesadelo.
Nos cruzamos no elevador.
Frente a frente.
Olhos grudados no espelho.
Não acreditando que aquilo estava acontecendo.
Ele e eu.
Eu e ele.
Não estávamos sozinhos.
Tentamos nos controlar.
Eu mais ainda.
Essa fúria espartana louca para se tornar realidade.
Mãos firmes.
Térreo.
Descemos quietos.
Ainda em choque.
Algumas horas se passaram.
Tentei esquecer do assunto.
Voltei. Pensei que nunca mais o veria.
Ledo engano.
O raio caiu duas vezes no mesmo lugar.
Eu entrei no elevador.
Ele comigo.
Mais uma vez.
Ele e eu.
Eu e ele.
Decidi tomar uma atitude.
Aproximei meu rosto ao máximo.
Fitei o espelho.
Não acreditando no que via.
Forcei a retina.
Subi as mãos.
Como se estivesse sendo assaltada.
A surpresa me embasbacou na primeira vez.
Mas naquele momento foi diferente.
Tomei coragem.
Movimentos bruscos.
Um busca certeira.
Olhos como se fossem lupas.
Dedos rápidos e uma confirmação..
Aquilo era ele.
Ele mesmo.
O meu primeiro (e mísero) fio de cabelo branco.
segunda-feira, abril 09, 2012
Bom dia, tristeza
Em desacordo.
O silêncio.
A quietude branca.
O sofá vazio.
Era feliz.
Haviam flores.
A espera infantil de uma presença.
A ciência.
O sentimento.
Há eu.
Aqui.
Repito.
A palavra amor.
O silêncio.
A quietude branca.
O sofá vazio.
Era feliz.
Haviam flores.
A espera infantil de uma presença.
A ciência.
O sentimento.
Há eu.
Aqui.
Repito.
A palavra amor.
domingo, abril 08, 2012
quinta-feira, abril 05, 2012
A finlandesa
Sou uma ex-motorista. Não, não é bem isso. Não sou "ex" como se é ex-mulher, ex-presidente, ex-madrinha da bateria. Na verdade, nunca ocupei o cargo. Tirei a carteira, dei umas voltinhas, suei frio na Ipiranga uma meia dúzia de vezes e desisti. Tirei meu calhambeque da chuva. Não é pra mim. Tchau. Fui.
Dizendo assim, "e desisti", parece que foi fácil. Não foi. Admitir o fracasso, resignar-se a ele, foi uma pedreira existencial. É duro dar marcha a ré em uma decisão. Custou noites e noites de sono e um fio de cabelo branco que eu batizei de "primeira marcha". Amigos e parentes motoristas, generosamente, fizeram preleções de todos os tipos para me convencer a continuar tentando. O tipo motivador: "Vai em frente, guria. Isso é moleza pra ti". O tipo exemplar: "Eu era bem assim no início". O tipo solidário: "Eu dou umas voltinhas contigo". O tipo autoritário: "Nem se atreva a desistir agora, sua biltre".
Diante do fato consumado, porém, fez-se um inesperado silêncio. O pior tipo de silêncio: o de piedade. Como se estivesse claro que eu tinha uma disfunção motora grave, um bloqueio psicológico oculto, uma fraqueza de vontade vexatória. Olhavam e inclinavam a cabeça pro ladinho. Alguns suspiravam. Mas mesmo me sentindo da altura de um pára-choque de Fuca, segurei o tranco. Quem disse que eu não tenho força de vontade? Cheguei ao inacreditável paradoxo de me orgulhar da minha coragem para abraçar o fracasso. Inventei o fracasso triunfante.
É verdade que eu não levo muito jeito pra coisa - fazer o quê? Até para regar canteiro é preciso técnica e uma certa manha. Mas o que definiu realmente a partida não foi (apenas) a minha falta de talento. O que mais me incomodou foi o climão geral do negócio, a "vibe" - as manobras desnecessariamente arriscadas, a impaciência, a violência implícita no processo todo. Cheguei à conclusão de que eu queria incluir isso na minha vida tanto quanto eu gostaria de acompanhar a próxima temporada do campeonato mundial de boxe. Não, obrigada, fica para a próxima encarnação.
Será que estou exagerando? Será que isso é só desculpa para justificar o meu fracasso triunfante? Pode ser. Mas a excelente reportagem sobre violência no trânsito me deu alguns bons argumentos. A jovem finlandesa que percorreu algumas das zonas mais congestionadas da Capital e se chocou com a selvageria do trânsito gaúcho disse tudo: "Eu não conseguiria dirigir aqui". Viram? Bingo! A solução pra mim é mudar para a Finlândia. Ou continuar filando carona.
Claudia Laitano - que assim como eu detesta dirigir!
quarta-feira, abril 04, 2012
Fora de forma
Não sou eu, nem você. A história de hoje é de uma gata pra lá de charmosa. Gordinha é a onça que todos querem ver no Zoológico de Gramado. Também pudera, é desengonçada e muito preguiçosa. Aliás, o GramadoZoo é um passeio e tanto, quem nunca foi, deveria visitar!
sexta-feira, março 30, 2012
quarta-feira, março 28, 2012
terça-feira, março 27, 2012
É uma delícia
No primeiro dia pensei em desistir. Afinal, manter o equilibro, ser flexível, ter uma postura correta e ainda coordenar a respiração era muita coisa para uma pessoa tão hiperativa e agitada. Sem contar o suor e a extrema concentração. Um somatório de itens que me levariam diretamente para o calabouço do "fui, tentei e larguei". Depois da primeira experiência prática o pior estava por vir: eram elas, as dores. Nossa, foram tantas e em tantos lugares do corpo que pensava em me jogar no chão a qualquer hora do dia. Meus órgãos estavam doloridos. Tudo fora do lugar. E isso não aconteceu apenas depois da primeira aula, foi depois da segunda, da terceira, da quarta , da quinta , etc. Aliás, depois de mais de um mês praticando, às vezes algum músculo grita no dia seguinte. Mas o esforço tem sido recompensado. A cada asana (posição) que eu consigo executar a minha alma vibra de alegria. Não havia nada enferrujado por aqui, só tava tudo parado mesmo. A flexibilidade era uma antiga aliada das aulas de educação física, pernas e braços se tocam com o maior prazer. Ganhei mais vitalidade no dia a dia. Mais tesão. O corpo e a mente andam mais ligados, em sintonia. O Yoga é uma grande experiência. Uma lição preciosa que pode ser feita em qualquer lugar, em qualquer situação. É um ensinamento. Uma perspectiva. Alguns levam como estilo de vida, mas eu ainda continuo achando que ele é um delícia. Daquelas que dão muito prazer e a gente nem pensa em largar.
segunda-feira, março 26, 2012
A milésima é dela
A milésima postagem desse blog só podia ser uma homenagem para ela. Grandiosa, fascinante, cheia de curvas, politizada, complexa e profunda. Não é uma heroína, como aquela que dá nome a esse espaço de idéias e priscillismos. Muito menos uma música que embala gerações e corações. Ela é mais, muito mais. Ela é dona da minha vida, da minha história, dos meus tropeços, risos, choros e sussurros. Ela abriga e abrigou as pessoas mais importantes da minha existência. Ela é a minha casa. O meu pedaço tão sagrado de terra. Ela é um porto, que entre os milhares que existem no mundo só podia ser o mais alegre. Ela é minha. Quem me vê, me ouve, me sente, sabe que pertenço a ela. Cidade do meu coração. Meu chão. Meu cheiro. Ela é uma mãe. Protetora, avassaladora. E apesar deu ter apenas pouco mais de duas décadas eu conheço cada pedacinho dela na palma da minha mão. O riso roubado que vem das crianças da zona norte, o desviar de todo mundo no centro cheio, o cheiro das árvores da Redenção, o domingo de sol no Guaíba, as ruas lindas da minha Três Figueiras, a Goethe onde aprendi a patinar, o Morro Santa Tereza com a vista mais incrível do planeta, o Bom Fim do meu nascimento, da minha escola, da minha família, os domingos com os primos no tão pacato Higienópolis, a Bom Jesus e suas quebradas, os caminhos rurais cheios de frutas no extremo sul, o carnaval colorido do Porto Seco, as andanças de skate pelo Petrópolis, as caminhadas matinais com o amor no Parcão, as vilas - que já são centenas - tão cheias de histórias como de problemas, a Mauá pintada, a Protásio sagrada. Porto Alegre é isso. É muita vida, e muito amada.
Pra quem é de fora, seguem dois vídeos que mostram o que é SER DE PORTO ALEGRE. E não me venham, os nascidos em outras querências, dizer que são Porto-alegrenses de coração, ora, isso não existe! Afinal o coração tem de ser fiel e só bater por uma cidade. É aquela que gente nasce, cresce, até vai embora, mas no fundo, cria raiz. É como time de futebol. A gente nasce com um. E tem de morrer com ele.
É por isso, que EU TE AMO PORTO ALEGRE!
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sexta-feira, março 23, 2012
Como as estações
Flores, delitos, inquietudes.
Tudo tem vida.
Tudo.
O outono chega com essa deliciante brisa.
O cheiro de mato se revela.
Roupa no varal.
Venta.
Mudo.
Tudo tem vida.
Tudo.
O outono chega com essa deliciante brisa.
O cheiro de mato se revela.
Roupa no varal.
Venta.
Mudo.
quinta-feira, março 22, 2012
Foster the people
Indie rock californiano, ensolarado, com três guris bem legais e trilha das festas de Beco e Cabaret. Som de dançar. De ouvir no carro. Na sala. Ou simplesmente gritando o refrão clichetudo e cheio de marra: "All the other kids with the pumped up kicks. Better run, better run faster than my bullet".
Ahn, os caras vão tocar no Lollapaloza em abril, lá em Sampa. #ficaadica
quarta-feira, março 21, 2012
Perdigueira
Eu me faço de surdo.
Fico com vontade de pedir emprestada a chave da prisão para passar o domingo. Acho o controle comovente. Invejável.
Não sou favorável à indiferença, à independência, ao casamento sartreano. Fui criado para fazer um puxadinho, agregar família, reunir dissidentes. Duas casas diferentes já é viagem, não me serve.
Aspiro ao casamento pirandelliano, um à procura permanente do outro. Sou um totalitário na paixão. Um tirano. Um ditador. Não me dê poder que escravizo. Não me dê espaço que cultivo.
Quero uma mulher perdigueira, possessiva, que me ligue a cada quinze minutos para contar de uma ideia ou de uma nova invenção para salvar as finanças, quero uma mulher que ame meus amigos e odeie qualquer amiga que se aproxime. Que arda de ciúme imaginário para prevenir o que nem aconteceu. Que seja escandalosa na briga e me amaldiçoe se abandoná-la. Que faça trabalhos em terreiro para me assustar e me banhe de noite com o sal grosso de sua nudez. Que brigue pelo meu excesso de compromissos, que me fale barbaridades sob pressão e ternuras delicadíssimas ao despertar. Que peça desculpa depois do desespero e me beije chorando.
A mulher que ninguém quer, eu quero. Contraditória, incoerente, descabida. Que me envergonhe para respeitá-la. Que me reconheça para nos fortalecer.
A mulher que não sabe amar recuando e não tolera que eu ame atrasado. Alegria pequena e preciosa de respirar rente ao seu nariz e definir com que roupa vou ao trabalho.
O amor é uma comissão de inquérito, é abrir as contas, é grampear o telefone, é cheirar as camisas. É também o perdão, não conseguir dormir sem fazer as pazes.
O amor é cobrança, dor-de-cotovelo, não aceitar uma vida pela metade, não confundi-la com segurança. Exigir mais vontade quando ela se ofereceu inteira. Quem aspira ao conforto que se conserve solteiro. Eu me entrego para dependência. Não há nada mais agradável do que misturar os defeitos com as virtudes e perder as contas na partilha.
Não há nada mais valioso do que trabalhar integralmente para uma história. Não raciocinar outra coisa senão cortejá-la: avisá-la para espiar a lua cheia, recordar do varal quando começa a chover, decorar uma música para surpreendê-la, sublinhar uma frase para guardá-la.
Quero uma mulher imatura, que possa adoecer e se recuperar do meu lado. Uma mulher que me provoque quando não estou a fim. Que dance em minhas costas para me reconciliar com o passado. Que me acalme quando estou no fim do filtro.
Não me interessa um tempo comigo quando posso dividir a eternidade com alguém.
Quero uma mulher que esqueça o nome de seu pai e de sua mãe para nascer em meus olhos. Em todo momento. A toda hora. Incansavelmente. E que eu esteja apaixonado para nunca desmerecê-la, que esteja apaixonado para não diminuí-la aos amigos.
--------
É meus amigos, será que esse cara acima existe?!
Quem dera! Afinal, a mulher perdigueira sofre um terrível preconceito no amor. Como se fosse um crime desejar alguém com toda intensidade. Ela não deveria confessar o que pensa ou exigir mais romance. Tem que se controlar, fingir que não está incomodada, mentir que não ficou machucada por alguma grosseria. Ela é vista como uma figura perigosa louca, desvairada. Não pode criar saudade das banalidades, extrapolar a cota de telefonemas e perguntas. É condenada a se desculpar pelo excesso de cuidado. Pedir perdão pelo ciúme, pelo descontrole, pela insistência de sua boca. Boca que sempre quer beijos. Exige-se que seja educada. Ora, só o morto é educado. O homem inventou de discriminá-la. Em nome do futebol. Para honrar a saída com os amigos. Para proteger suas manias. Diz que não quer uma mulher o perseguindo. Que procura uma figura submissa e controlada que não pegue no seu pé.
Que pena, não?!
terça-feira, março 20, 2012
segunda-feira, março 19, 2012
Receita de mulher
As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental.
É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível.
É preciso
Que tudo isso seja belo.
É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens.
É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado.
É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como o âmbar de uma tarde.
Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas.
Nádegas é importantíssimo.
Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente.
Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes.
Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteia em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebal
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério.
Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos.
A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau.
Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar.
Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas.
Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida.
Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.
Vinicius de Moraes
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