segunda-feira, agosto 16, 2010

Le Scaphandre et le Papillon


Desafiador."O escafandro e a borboleta" é um filme que nos 30 primeiros minutos ninguém vê o protagonista. Você simplesmente fica na pele dele. A história é simples e real. Trata-se de uma terrível doença, e tudo acontece quase que inteiramente dentro de um hospital. Mesmo com as limitações que o personagem, o filme reinventa o que se chama de fotografia, assumindo não apenas o ponto de vista de quem conta a história, como transformando sua visão turva e limitada num carrossel de experimentos visuais e sensoriais em que os atores encaram a câmera o tempo todo. Um trabalho impressionante.
Além da beleza estética, o filme nos faz pensar (pelo menos eu pensei) na nossa frágil condição de humanos. De tudo de belo e intenso que vivemos. Das relações entre pais e filhos. Da capacidade da vida mudar numa fração de segundos. De sabermos que basta estar aqui que tudo pode desaparecer como, por exemplo, num derrame sem hora marcada. Jean-Dominique Bauby foi editor chefe da revista Elle francesa, teve 3 filhos, amores perdidos e uma paralisia aos 42 anos que deixou apenas que ele movimentasse o olho esquerdo. E foi entre um e dois piscares que ele conseguiu escrever sua triste e - porque não - virtuosa história.
Um filme para ficar mais perto da vida como ela é.

Nenhum comentário: