terça-feira, janeiro 31, 2012

Oficialmente


I
Inspiração é transpiração. Quando me vem a onda gigante de idéias, de formas, conteúdos, minha mente só tem um pensamento e é diretamente no meu corpo que esse pensamento toma forma, ou aparece. Destino ou fatalidade. O jornalismo e a ciência vivem apenas de evidências, fatos, provas. Somos iguais e nem percebemos. Valorizamos tanto as nossas diferenças que não notamos as milhares de semelhanças. Quando chove eu penso no que ela sentiria. Será? Mais uma vez? Vai trabalhar. Os mais velhos sempre tem razão. Pé no chão, isso, é isso. É a razão. 

II
A mente sem utopias e falsos ideais.  A racionalidade dele é a chave para a minha emoção. Nada como um homem da terra, na terra. O mapa astral apontou que isso aconteceria, mas afinal astrologia não tem nada de exato. Descobertas reais sim, tem provocado os meus sentidos. Comida vegana, andar de bicicleta, literatura sem fim, trilhas no mato, o sol vermelho do amanhecer, dor de estômago, piadas infames, reformas na casa, Lynch, cerveja importada, cinema, hakepetter, jorgite, museus e tapiocas. Sem esquecer do rocknroll dos anos 70.  Então eu descobri - por ele -  que sou uma  'excitante coleção de idiossincrasias da forma". Antes disso, antes do dia vinte e oito de outubro de 2009,  o mundo ainda era um espaço vazio, a internet um depósito de palavras ao vento e nenhuma bactéria seria capaz de mudar minha vida. 

III
Mas vieram as brigas. Nossa, a arte da guerra é uma prática quase vital para alguns seres humanos, e faço aqui meu réu confesso. Não há nada mais gostoso que fazer as pazes. Mas antes eu tenho prazer na belicosidade armar a tempestade, os ventos destruidores com gritos e urros de uma verdadeira apenada do Madre Pelletier. Nada que  um aperto no braço e um homem durão não resolva. As pessoas mais calmas são as que resolvem os problemas com mais facilidade. 

IV
Vida fácil. Não é a nossa um tear de gracejos e boas histórias? É. Dormir sozinho não faz mais sentido. Pintar quadros, escrever poemas, usar uniforme, a vida nunca é igual e cada vez fica mais divertida, admirável, intensa e rentável. Viver é pagar impostos e pedir um balde. Viver é errar muitas vezes e acertar de vez em algumas poucas. Eu errei tanto que aprendi a receita. Taco bell, martini, filé ao funghi, moqueca. Ainda vou comprar um video game. É preciso disputar alguma coisa com quem tanto se divide o precioso tempo. 

V
Afinal, oficialmente somos apenas poeira das estrelas. Isso, isso mesmo. E "diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer dividir um planeta e uma época com você", ou melhor, com ele, parafraseando Sagan. Ah, e o que dizer desse devorador de livros com essa inteligência gigantesca e afrodisíaca. Isso foi tudo que ele precisava para me ter em mãos: o cérebro. Não há nada mais excitante que um homem inteligente, não um intelectual chato, mas sim alguém cheio de conhecimento e doudo para dividi-los. 

VI
Ainda bem que tenho o nêgo. Que é confundido com árabe. E que gostaria de me fazer usar uma burka nos pés. Aliás eles não são tão lindos quando estão com as unhas coloridas de vermelho?!


TE AMO!  

segunda-feira, janeiro 30, 2012

sábado, janeiro 28, 2012

Cada vez melhor



I should've been a little bit stronger
I should've been a little bit harder
Should've been a little bit tougher
Should've been a little bit smarter
Should've been a little bit rougher
Should've been a little bit stronger
Should've run a little bit faster
Away from you baby
Away from you...

sexta-feira, janeiro 20, 2012

Perdemos Etta


E os jazzistas choram calados.

quarta-feira, janeiro 18, 2012

E tudo que eu tinha escrito para esse post sumiu.

Jupiter and beyond the infinte.

Em 1968 esse filme deve ter sido uma loucura sem explicação. Hoje, ontem e sempre será um épico do cinema mundial. Uma leitura linda da evolução humana, da inteligência artificial, do sentido da vida.
2001: Uma odisséia no espaço.

The Rakes, som afu

segunda-feira, janeiro 16, 2012

Hors-temps

Je le regarde.
Et je me jette dans l'eau noire, profonde, glacée et exquise de hors-temps.

domingo, janeiro 15, 2012

É sério

Criei um muro de proteção. 
Gotas, vento, o varal cheio de roupas. Pó
Foi um passo grande, daqueles que é preciso coragem.
Depois de muito tempo sem acreditar na possibilidade de dar certo. 
Eu acreditei.
Agora, só o tempo dirá.
Mostrei minhas raízes.
Abri meu coração.
Não tenho medo do escuro, nem da solidão.
Aprendi a viver sozinha e tão bem acompanhada.
Água, discos e cremes devem fazer bem.
Minha cor é de cuia. 
Minha família é sagrada. 

sábado, janeiro 14, 2012

Infância

        Tá decidido, meus filhos e  - ocasionalmente - meus afilhados quando forem até a minha casa, só vão assistir na TV e/ou DVD coisas que eu gosto. Isso mesmo. E não venham me chamar de ditadora. Afinal, vão ser clipes, filmes, músicas dos quais acredito que vão ajudar na formação e evolução dos pequenos. Sei que já fui criança, que já gostei da Xuxa, do Balão Mágico e do Fofão. Mas sei que também fui apaixonada pelos meus discos "A Arca de Noé 1 e 2" do Vinicius de Moraes e que tinha aquele clássico "A Casa", lembram?!  E também do disco dos  Saltimbancos adaptado pelo mestre Chico  Buarque. 
       Ontem, assisti o filme de 1968 dos Beatles - Yellow Submarine e sei, sei bem que a piração dele não é para crianças. Mesmo assim, eu insistirei que elas assistam. Música boa se apega, se gosta, se ouve desde pequeno. 
       Claro que existe o livre arbítrio, para cada um fazer o que gosta e o que quer. Mas há também pessoas que nós fazem ver o mundo mais bonito, mais profundo, mais intenso. Minha dinda, que eu amo de paixão, é uma dessas pessoas. Foi lá na casa dela que descobri a música clássica, o jazz e a mpb. Também foi na casa dela, ainda pequenina, que aprendi a ler sobre artes plásticas. A minha segunda mãe me mostrou coisas que a minha mãe não havia mostrado e que me tornaram - eu espero - uma pessoa melhor.


Trailer do filme lindo lindo dos Beatles. Uma pira, mas muito legal!

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Um tapa na cara do tal Teló

Estou impressionado com a evolução da música popular brasileira.
Não posso deixar de falar do assunto. 
Quando mais elogio, mais sou incompreendido. 
Eu amo a estética do lixo. 
E adoro a verdade.
Chamo lixo de lixo, chinelagem de chinelagem, baixaria de baixaria.
Gosto de me “acanalhar”.
Frequento funk disfarçado de deputado federal. 
Lixo para mim é arte suprema. 
A democracia fez um bem danado para a nossa criatividade. A
 cada ano estamos melhores e mais famosos no mundo. 
Na ditadura, eram aqueles chatos com suas entrelinhas, Chico Buarque e outros trancados no armário. Depois do fim do regime militar, livres das censura, floresceram nossos gênios. 
Michel Teló é o ápice dessa evolução. 
Alguns dos primeiros sinais dessa maré criativa apareceram com a boquinha da garrafa. 
Foi um dos momentos mais sensuais da nossa nova era musical. 
Tivemos a explosão de deusas com letras desconcertantes como aquela, maravilhosa, vai rolar a festa. 
A tempestade criativa continuou: bombamos com a genial rebolation, uma mistura de modernismo com pós-modernismo, de Joyce com Guimarães Rosa, de concretismo com sacanagem. Do carvalho! 
E teve também o novo lobo mau, diz aí menina onde você vai.
E o refrão, que refrão, pós-tudo: vou te comer, vou te comer, vou ter comer.
Tropicalista, baianista, antropofágico, pirotécnico. 
Toda ano, uma nova obra-prima, A arte do escatológico levada ao extremo. 
Aí chegou o Teló e matou a pau. 
Nunca fomos tão longe. 
Tudo pelo hedonismo, pelo prazer, pelo acasalamento. 
Coisas que intelectuais tapados não compreendem. 
Teló representa o pós-humano, o pós-orgânico, o homem ciborgue, o homem finalmente liberado de uma parte do seu corpo, parte inútil, parte chata, parte criadora de problemas, dispensável, o cérebro. 
Eu sempre fui contra a ditadura militar, aqueles generais broncos, um sem pescoço, todos carne de pescoço, mandando torturar, matar, prender, arrebentar, censurar e ainda ganhando nome de rua. 
Pelo jeito, se quiseremos ter novos Chico e Caetano, teremos de pedir a voltar dos coturnos.
Sem repressão, o pessoal não se inspira. 
Fica só na aspiração. 
No tempo dos milicos a imaginação popular tinha os seus ícones, de Sidnei Magal a Valdick Soriano. 
O duplo sentido, essa arte milenar do bom gosto popular, cantava coisas como onde a vaca vai, o boi vai atrás. 
Não tínhamos a Florentina nem a eguinha pocotó. 
Ou já tínhamos?
Ou tudo isso já estava no Decamerão e em Gargantua e Pantagruel? 
Sei lá. 
Sei que agora estamos no auge, na liberdade absoluta, no apogeu. 
Michel Teló é o novo Glauber Rocha, o tropicalismo inteiro num homem só. 
Meu ídolo. 
Barroco, barraco, chacrinesco. 
Nada de ditadura. 
Salvo, quem sabe, para nos salvar dos humoristas atuais. 
Só a ditadura poderia nos livrar do CQC. 
Só no pau-de-arara Danilo Gentilli pararia de defecar pela boca. 
Quanto ao resto, tudo tem meu apoio. 
Especialmente aquela obra-prima, aquele refrão, aquela pérola, 
Ai se eu te pego! 
Complemento à sacada genial, poética, burilada, dar uma fugidinha com você. 
Que tempos! 
Que mal tem? 
Nenhum. 
Só os intelectuais não compreendem. 
Não pegam ninguém.
Teló é a cara do Brasil, desse Brasil que dá certo, que brilha lá fora, que ama a vida, que goza e reverbera.
Chegamos no alto. Por baixo. 
Ano que vem tem mais. 
Como dizia Guy Debord, o que é bom aparece. 
E o que aparece é bom. 
O resto podem ser muito bom. 
O muito bom é ruim. 
Choro de perdedor. 
E viva Michel Teló. 
E pau-de-arara para o pessoal do CQC.

 Do mestre Juremir Machado da Silva

segunda-feira, janeiro 02, 2012

Não vou dizer nada, quase nada



Não posso dizer sobre o que esse livro se trata. Só conto que gostei. Claro que o final - na minha opinião - poderia ser outro. Mas o elemento surpresa, a narrativa preciosista, o mundo imperfeito e totalmente real traçado nas linhas de Chris Cleave fizeram eu ler "Pequena Abelha" com muita vontade. Infelizmente o livro vai ser adaptado para o cinema - digo infelizmente porque as adaptações sempre perdem a essência e o mundo fantasioso que criamos lendo. Nicole Kidman vai ser uma das protagonistas, obviamente Sarah, a jornalista inglesa e editora de uma revista de efemeridades. Do outro lado, quem será Abelhinha?! A nigeriana, refugiada, cheia conteúdo e personalidade?! 
Esse livro passa rápido, mas permanece na mente do leitor durante muito tempo. Por isso, uma resenha para o livro é dispensável, afinal tudo sobre ele já está escrito na capa e contracapa "ambicioso e arrojado", "brilhante", "belamente escrito". Tudo dito, pelos maiores jornais do mundo. E acredite, eles estão certos disso.