segunda-feira, junho 27, 2005

Melhor que o irmão


Diz o ditado: filho de peixe, peixinho é, mas nesse caso, irmão de peixe salmão é. Parteum, irmão mais novo de Rappin´Hood demorou para ingressar no mundo do rap, mas a demora valeu a pena. O cara simplismente garante a diferença e cria um estilo próprio em seu disco de estréia.Raciocínio quebrado é um daqueles cds que de prima você não entende o que está acontecendo, mas que na segunda “ouvida” já morre de amores por ele.
Fábio Parteum era skatista profissional até meados dos anos 90, residindo até na Califórnia, em um período que tentava se estabilizar no circuito mundial do esporte. Porém, Parteum sempre esteve envolvido com a cultura hip hop e o rap. Em 2004, quando retornou ao Brasil, ele fundou o Mzuri Sana, grupo de rap underground.
Parteum criou um estilo próprio o que define-o como um rapper de vanguarda, à frente de seu tempo. Livre para criar o que bem entende, Parteum fechou contrato com a Trama e provou ser tão bom quanto o irmão, fugindo dos clichês do rap.
Costurando as faixas com vinhetas e instrumentalismos bárbaros que remetem da música eletrônica ao drum´n´bass. Com bases ultramodernas e um certo sincronismo às avessas, Parteum consagra-se como um dos melhores frutos do Rap nacional.
Entretanto, a maior diferença de Parteum está em seus temas. Fugindo da pobreza, violência e do preconceito, ele escapa com maestria dos assuntos batidos, até porque teve uma vivência bem diferente da de outros mc´s: fez faculdade, morou nos States, conviveu com gringos e todo o tipo de gente fora das periferias e ouviu outros sons. Na bacana “ Tudo ainda pode ser” ele inicia o refrão com a máxima: “ a única polícia que eu escuto tem o Sting no vocal”..bá, vocês querem coisa melhor?!?! Uma baita referência dessas ao grupo inglês – e um dos meus favoritos – The Police.
Sendo diferente, e até mesmo engraçado em suas rimas, Parteum é o bom humor e o talento...pouco existente nos mc´s de rima pop de hoje em dia.


quinta-feira, junho 16, 2005

Dos cadernos de Laura

::: Muitos já leram esse texto, talvez há uns 2 anos atrás, quando redigi o mesmo para a cadeira de Redação da faculdade. Pois é, a história se repete e a velha Laura continua por ai, mas vale a pena reler uma breve experiência da nossa adorável heroína e, para quem não há conhece, é um prazer, seja bem vindo aos devaneios literários da anfitriã deste blog :::

Dos cadernos de Laura

Há dois anos Laura estava mais ou menos feliz num relacionamento mais ou menos sólido com um homem mais ou menos legal. Ele até era um cara agradável e às vezes carinhoso, o problema é que não fazia o mundo de Laura balançar. E para piorar eles não tinham nada em comum. Foi numa viagem de final de semana para o Litoral, que sentada na beira da praia, ela compreendeu num estalo que mais ou menos não era o suficiente. Decidiu que ficaria mil vezes melhor solteira do que gastando o precioso tempo com um cara que não era, no mínimo, o perfeito.
Laura é uma professora de francês, prestes a completar 28 anos, independente, arrojada e que trata das questões do coração com muita cautela. Depois de anos envolvida com homens errados – galinhas demais, tarados demais, bobinhos demais, burrinhos demais, incompetentes demais, covardes demais, enfim... todos inúteis demais – Laura desistiu do amor.
Sentada na mesinha da varanda, corrigindo os erros das provas de gramática francesa, ela escreveu o perfil do homem ideal: ele deveria ser carinhoso, sociável, corajoso, cabeça aberta, trabalhador, divertido, inteligente, e acima de tudo deveria admirar as boas e pequenas coisas da vida. Mas não se engane, uma mulher como Laura não queria um daqueles filósofos gregos, não, não, não – até por que esses deveriam ser péssimos de cama – mas sim alguém que pelo menos entendesse e gostasse da vida pelo simples fato de olhar para o céu e se deliciar com as estrelas. Enfim, Laura percebeu que a enumeração das "qualidades" foi grande, o que gerou na utópica professora o pensamento de: "Ops! Porque estou perdendo meu tempo com tamanha bobagem!!!"
Guardou o papel na gaveta do criado-mudo e saiu para mais uma das inúmeras paradas que fazia durante a semana ao shopping center e cafeterias. Meses depois, num jantar para lá de descontraído com os ex-colegas da faculdade, Laura descobriu que estava sentada ao lado de ninguém menos que o seu sonho de consumo. Sim! Laura checou mentalmente cada item daquela listinha esquecida na gaveta e quase não conseguiu balbuciar o número do telefone para o jornalista interessantíssimo que estava ali. Um sujeito com ares de guerreiro esguio, de olhos notívagos, sorriso alvo e pele clara, solteiro, com carro, casa, gentil, agradável, sociável, e culto, sim, o correspondente internacional e ideal de Laura estava ali bem ao seu ladinho. Sorte? Ironia do destino? Brincadeira de mau gosto? Não sei!
Olhando para trás, a heroína das obras de Victor Hugo compreendeu que não teve apenas sorte. A combinação de uma série de condições favoráveis prevaleceram. Ela sabia exatamente o que queria num homem e tinha amadurecido o bastante para entender que não desejava um bonequinho de pano para mostrar às amigas e muito menos para passear na cidade. Principalmente, ela não estava desesperada para encontrar alguém. Laura não queria uma vidinha mais ou menos, ela estava na busca de algo novo, ou melhor, maravilhoso, com ou sem homem por perto.
As ruas estão cheias de imitações baratas de bons sujeitos. Mas nada que um pouco de distanciamento, análise e introspecção não dêem um jeito. O caso de Laura não é raro, existe em qualquer esquina de qualquer lugar. O que a professorinha apenas queria era a felicidade plena. Um sentimento nobre, com valores sinceros e a confiança mútua entre seres da mesma espécie. Tomara que ela tenha realmente encontrado o que procurava. Pois para Laura, a era do amor leviano terminava ali.

segunda-feira, junho 13, 2005

Despertar de Priscilla

Quando priscilla está em férias

Os dias nascem mais tarde em Porto Alegre

É só a partir das 9 horas,

quando ela entreabre os olhos e

começa a se espreguiçar sob pesados cobertores,

é só a partir dessas tardias 9 horas

que a cidade inicia

movimentos letárgicos, vagarosos,

preparando-se para acolhê-la logo mais

em batidas a shoppings e paradinhas em igrejas

E mesmo que às 9 horas eu já estivesse desperto

há outras 9 horas, 9 anos, 9 décadas, 9 séculos

e só a partir dessas 9 horas do despertar de Priscilla

que sigo o ritmo natural da cidade

e meu coração segue num pulsar de alvorada tardia

É só a partir dessas 9 horas que eu me sinto mais vivo

e a tudo sinto vivo e intenso

como esse necessário despertar de Priscilla.

H

::: Dividi com vocês essa ode ao meu despertar...tnks H, tu sempre vai me fazer sorrir ::::
Pree

quinta-feira, junho 09, 2005

Divino, poético, profano

Dos profundos ele é o mais intenso. Damien! Mistura de homem e mistério. De voz rouca, transparente, desumana...Damien! O mundo descobre que na Irlanda a vida pode ser poética, pode ter beleza e tristeza, pode ser de amor e de melancolia. Damien! Uma estréia que foge do pop, do beauty e do modern. Música agridoce e muito bem vinda para alimentar as almas.

Os mortais descobriram Damien em Closer, os imortais moldaram Damien para refirnar suas próprias vidas. Entretanto agraciaram os humanos com um pouco da voz, do talento e da música de Damien Rice.

Nascido em Dublin, terra do U2, Damien é, sem sombra de dúvida, um dos melhores produtos exportados pelos irlandeses. Apresentado para o mundo na trilha de Closer - aquele filme deprê que conta os desajustes emocionais de dois casais em busca do amor - Damien cativou os espectadores com a beleza sublime de sua música.

The Blower´s Daughter é uma faixa tão doce e misteriosa que tudo o que os mortais já pensaram ter vivido sobre o amor parece estar naquela música. Composta e interpretada por Damien, a faixa conta com os acordes mais avassaladores de um violino, quando você os ouve, uma ferida parece começar a sangrar em sua pele. Doloroso, mas necessário.

Damien não é humano, é mágico, é denso. Há tamanha delicadeza e tanta beleza escondida em suas letras que poucos escreveram tão bem sobre a vida como ele.. O primeiro disco: O, acaba de ser lançado no Brasil, com um atraso imenso, pois foi editado em 2003 nos Estados Unidos.

Cantando um folk muito fino, muito simples e com uma voz oceânica e profética, Damien tem um sotaque indie e gracioso, uma pitada de saudade e melancolia , mas sem entrar para o sentimentalismo e a chatice do amor. Damien é fundamental na vida daqueles que apreciam música com alma, com calor e principalmente com verdade. As faixas “Volcano”, “Delicate” , “Cold Water” e “Amie” (que merece ser aplaudida de pé pelo arranjo de cordas que cresce num impacto sobrenatural) merecem um destaque especial .

Mesmo poucas, as 10 faixas do cd não deixam nada a desejar. Damien: ele atormenta e adocica, ele destrói e constrói, ele é o que podemos chamar de sonho e pesadelo.

Item de discoteca básica, e ponto!