Ela chegou na calada da noite. Não. Minto. Era madrugada. Silenciosa. Quieta. Fui ao banheiro e ao retornar para a cama, pela primeira vez na vida meu corpo não respondia aos meus pensamentos. Um tremor incontrolável tomou conta de mim. Frio. Calafrios. Coloquei meias. Um pijama de inverno e deitei. Mas não consegui dormir. 3 e meia da manhã. Extremidades congeladas. Corpo fervendo. De repente meus dentes rangiam sem parar. Eu buscava a calma para deixar a mandíbula sob controle. Mas foi em vão. Foi ai que percebi: tô ferrada. Peguei o termômetro. Coloquei debaixo do braço. O corpo tremia como uma britadeira. Era um terremoto interno. De dentro pra fora. Incontrolável. Tirei o termômetro, não acreditei na marcação do mercúrio.
40. Assim, redondinho. 40 de febre. Mil coisas passaram pela minha cabeça. Imediatamente peguei um paracetamol, engoli com água. Nem cogitei pegar o telefone. Tic. Desliguei o abajur. Mas foi impossível dormir. O corpo não era mais meu. Ele lutava contra algo que o invadiu violentamente. Meus dentes poderiam se quebrar. Mordi o travesseiro. Mas o ranger não parava. Virei para os lados. Fiquei de bruços. Barriga pra cima. Nada. Delírios. Fiquei assustada. A situação se estendeu por mais de uma hora até eu conseguir dormir.
Seis e meia. Suor senegalês. Lençóis molhados. Febre sanada. Mas ao sair da cama o que parecia ser uma dor na coluna se transformou na pior dor que eu já senti na vida. Uma fisgada contínua. Uma espécie de paulada no lado direito do corpo, próximo a lombar. Náuseas. Dor forte. Mais febre. Emergência. Regurgitei a bile.
Depois de ecografia, exame de sangue, urina e medicação na veia fui diagnosticada com uma infecção renal. Susto. Meu pai histérico no telefone.
Medicação por dez dias. Dores ainda leves. Repouso total.
Mas ao ficar doente e estar em casa, deitada solitariamente, me lembrei que nesse mesmo sábado, se ela estivesse viva cuidaria de mim. Com todo zelo, amor e cuidado. Ela vinha com suas mãos longas, de dedos finos e pele lisa como a seda me fazer um carinho na cabeça. Colocaria suas infusões na minha testa, faria a febre diminuir. Me traria almoço, janta, café, tudo na cama. Cozinharia pequenas porções sem sal mas com muito amor. Teria ouvidos atentos. Acordaria a qualquer gemido de dor. Mas ela não estava. O que resta são as lembranças e o amor que ainda nutro por ela neste coração. Coração que sabe que mesmo doente, parabenizaria e festejaria com ela seus 72 anos. Mas na ausência dela, minha mãe, vieram as maiores demonstrações de cuidados e carinho. E (re)descobri que quem tem amor e tem amigos, tem tudo!
Ligações, mensagens, Whatsapp, tudo me animou. É quando a gente tá mais fraco que percebe que pode ser forte. E sem esse carinho tão especial de tanta gente eu não sei se só os antibióticos, analgésicos e antitérmicos adiantariam.
Obrigada, todo meu amor para vocês: Simone, Tuca, Gabriel, Taline, Cibele Carneiro, Matheus Bonez, Carol Zogbi, Luciana Mismas, Lu Echevarria, Sheron, Kellen, Gabriela, Cibele Carvalho, Déa, Vera, Virgilio, Fonta, Horácio, Giórgia, Karol, Janine, Mineiro, Nanda e tantos outros que foram tão amáveis. A preocupação de cada um só faz aumentar a vontade de tê-los por perto para sempre. #friendship
E o meu agradecimento mais que especial vai para ele: Vinicius. Que se superou nos cuidados de enfermeiro e deixou de lado o finde com os "broders" em Porto Alegre, para ficar enfurnado no meu leito. Obrigada pela sopa maravilhosa, pelas tulipas lindas, pelo blu ray de presente, pelos pequenos mimos, pelo carinho, pelas cobranças para tomar os remédios bem na hora certa, pela cia que me anima, pelos beijinhos para sarar a dor e principalmente por ter deixado esse teu cheirinho no travesseiro do lado, ele é o elixir aromático da minha recuperação! TE AMO! #love
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