segunda-feira, março 15, 2010

Nem Noé

Ao sair do edifício, o inesperado me tomou. O que antes fora chuva na vidraça, abafado de cortina e aconchego, era, depois de tudo tempestade e a noite. Tudo isso se fizera enquanto eu dei dois passos porta afora. Dilúvio de emoções. Sem refúgio possível. O pior era o temor ancestral cravado na minha alma. O mundo me expulsou do próprio mundo. A rua é amiga. A casa escura abrigo. Poderia ser o fim do mundo. De tudo. E sei que não seria escolhida para a Arca, pois já selecionaram o melhor casal de minha espécie.