segunda-feira, janeiro 16, 2006

Mais derretidos que picolé de uva...

É meus neurônios já estão no pauzinho...hihihi, por isso, wonderlicious people deixo com vocês o texto da minha colunista preferida: Cláudia Laitano*.
Monotemáticos
No ônibus, no táxi, no elevador - principalmente no elevador, sempre no elevador - não existe outro assunto. À beira da piscina, no caminho para o trabalho, no caixa da farmácia. Entrando ou saindo do restaurante, na portaria do edifício, na fila do açougue. Nos chats, nos blogs, nos post-its, em todos os programas de rádio. Entre amigos e desconhecidos, entre vizinhos e colegas de trabalho - principalmente entre colegas de trabalho, sempre entre colegas de trabalho.
Ninguém fala mal do governo, ninguém discute futebol, nem as gostosas do Big Brother são assunto. Nada de "oi, como vai", "e aí, beleza?", "mas que tal?". Vai-se direto ao assunto - ao único assunto, ao inescapável assunto. O general se matou, a Angelina engravidou, o Mick Jagger vai cantar de graça em Copacabana e o Oasis pode vir a Porto Alegre, mas nada disso interessa. O preço da gasolina, o IPTU, o IPVA, a lista de material escolar para comprar - tudo isso incomoda, mas não tanto, ou pelo menos não durante todas as 48 horas de um dia de verão em Porto Alegre. O calorão, o forno a céu aberto, a canícula (que parece nome de instrumento de tortura, e é) - é só disso que se fala na cidade. Ou meu cérebro já foi afetado?
O inferno meteorológico que ocupou todas as conversas nos últimos dias não é exatamente democrático em seus efeitos. O senhor de fatiota que passa o dia desfrutando o silêncio refrescante de um split 20.000 BTUs e a mocinha de minissaia que distribui folhetos no cruzamento da Silva Só com a Ipiranga têm percepções bem diferentes do calor. Mas se o mesmo frio que mata indigentes não faz nem cosquinha em quem tem sapato novo e casaco de lã, o calor, de um jeito ou de outro, acaba incomodando todo mundo - nem que seja naquele breve intervalo no caminho entre dois ares-condicionados. Porque nem o Tio Patinhas e todas as suas moedinhas agüentam ficar respirando o ar refrigerado da caixa-forte o dia inteiro. Todo mundo precisa de um raiozinho de sol de vez em quando - e aí... pá!, lá vem o calorão, e com ele o assunto para as próximas 217 viagens de elevador.
* Cláudia Laitano escreve bem pra cacet* e todo sábado é a colunista da página 3 da ZH.
Ela, pra mim, é a melhor de todos os colunistas do nosso folhetim, um luxo. Outro dia coloco o texto antigo, mas pra Nega aqui sempre verdadeiro chamado A Finlandesa (minha cara!).

3 comentários:

Anônimo disse...

Olha aqui ó, "pauzinho de neurônio", ausência em convocação da cadeia, viu....
23h

Silvio Pilau disse...

O texto é sem-graça, mas o assunto é certo. Que inferno esse calor. Por quê? O que a gente faz pra merecer isso?

Beijos

Pree disse...

A gente nasceu Silvio...infelizmente a gente nasceu na época errada! Ou não, talvez no lugar errado...imagina se fossemos cariocas, por exemplo, às 18h00 ao sair de nossos empregos, iríamos correndo pra beira da praia de Copacabana, sem carro, sem freeway, sem pedágio...ai, ai, ai!

Mas, o temporal tá chegando e melhor que uma ensolação só cair na chuva no meio do centrão de Porto...hahahahaha!