domingo, março 17, 2013

A kamikase

Eu devia ter uns 6 ou 7 anos pelas minhas lembranças. Foi num daqueles finais de semana na casa da minha dinda - que é sim a minha segunda mãe - que conheci o Furacão. Minha madrinha pegava sempre um vinil e colocava pra gente escutar (e ela sempre teve só o melhor, passando do jazz à mpb). E numa daquelas tardes, e isso me lembro bem, fiquei encantada com a capa do disco "Falso Brilhante", acho que eram o elefantes circenses que me chamaram a atenção. Pedi para ouvir...e quando escutei "Como nossos pais" fiquei pasma. A voz daquela mulher era incrível, intensa, forte, rouca, quis mais. E com o passar dos anos fui querendo e querendo e querendo. Ganhei 'vinils', cds, me trancava no quarto durante a adolescência para cantar Elis. Era mágico. Conheci sua vida lendo biografias, assisti seus vídeos (viva a televisão e seus festivais), descobri que a gaúcha, gremista, temperamental, que amava o Rio de Janeiro não tinha medo de entrar de cabeça nas coisas. Era uma "kamikase". Também pudera: com aquela voz, aquela interpretação e aquele repertório, e uma alma louca dos que amam sem medo a baixinha furiosa era imbatível. E ainda é. Hoje, ela faria 68 anos. E eu vou ver minha dinda. 


"Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos...
Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais"!

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