sexta-feira, dezembro 28, 2012

84 reais

Nunca pensei que veria algo tão bonito e encantador. Férias. Cidade do Rio de Janeiro. Calor. A casa estava lotada. Arquitetura e decoração incríveis. Afinal, era uma construção de 1909 -  e eu levei 103 anos para conhecer a beleza desse lugar: Teatro Municipal. Primeiro ato. 
Assim que as luzes se apagaram as cortinas abriram e um cenário lindo apareceu. Aos poucos bailarino por bailarino entrando em cena...numa sincronia perfeita, com total entrosamento estético. Mas para que tudo isso ficasse tão bonito foi preciso aliar à beleza do ballet a música clássica. Uma orquestra executava Tchaikovsky. Eu, meus ouvidos e meu coração no paraíso. Sopros, metais, cordas e aquele som enfeitiçador que vinha da harpa. O conjunto da obra só podia ter resultado numa das expressões artísticas mais belas que presenciei. Segundo ato. 
É como se congelassem o tempo e eu estivesse tão envolvida naquela apresentação que nada de ruim poderia acontecer ali.  E de fato, nada aconteceu. O corpo de baile executou toda a peça com leveza,  técnica e perfeição. Não houve erro em nenhum pas de deux (aquela hora que o casal de bailarinos dança junto). E sei disso, porque, como filha de uma bailarina aprendi muito sobre dança e claro dancei ballet durante seis anos. Não que eu seja alguém que hoje saiba executar um simples plie com dignidade, não, não consigo, mas vendo tudo aquilo não tinha como não saber que estava absolutamente tudo em ordem, no seu devido lugar. Ah, não posso esquecer dos músicos, escrevo esse post ouvindo a obra do russo Tchaikovsky e me lembrando da execução musical, coro e regência da orquestra. Esses músicos, um dia, ainda me matam do coração. Claro que a composição era uma velha conhecida, que muitos aqui já ouviram no trecho do clássico Fantasia da Disney, que conheci ainda criança. Vai ver vem de lá meu gosto pela música clássica. Ah, eu falei do autor mas não citei a composição em questão. Vi e ouvi "O quebra nozes". Um épico. Uma história natalina de encanto e alegria. É impossível não ver e sentir a beleza da arte  depois de duas horas de puro fascínio e beleza. E tudo isso de forma tão acessível.  Foram apenas 84 reais. Os mais bem gastos em quase 30 anos de vida. Um viva aos que trabalham - e muito - para deixar a cultura disponível para pessoas como eu e você.

Um comentário:

Vinicius disse...

Arte, ciência, filosofia, amizade e Priscilla Casagrande. Essa é a minha religião.