segunda-feira, agosto 06, 2012

E que venha o "islã das luzes"


            Um dia todos os homens vão amar e respeitar suas mulheres, seja aqui ou naquele oriente machista e opressor que enfia burca nelas. Pelo menos é o que passou na minha cabeça quando vi esse filme.  
            O longa "La source des femmes", do diretor romeno Radu Mihaileanu (o mesmo do engraçadíssimo "O concerto" ) usa o humor para narrar o drama e a guerra entre os sexos numa aldeia muçulmana no Magreb, norte da África. Inteiramente falado na língua árabe, a coprodução da França, Bélgica e Itália concorreu à Palma de Ouro em Cannes de 2011. E mereceu viu!
           Musical e festivo "A fonte das Mulheres" lança um olhar diferente sobre o islã. Mostra que existem sim, pessoas capazes de revolucionar a sociedade careta e estúpida que reina por lá. Na pequena aldeia, que vive do turismo porque a seca, o desemprego e a falta de vontade política deixaram eles parados no tempo, as mulheres são obrigadas a realizarem o trabalho pesado. Como por exemplo, buscar a água no alto de uma colina. Sempre levando baldes nas costas várias delas  - inclusive grávidas - caem,  se machucam e algumas perdem os filhos. 


           Cansada disso a forasteira Leila ( Leila Bekhti, de "O profeta"), uma das raras mulheres que sabe ler, lidera uma greve de sexo, procurando forçar os homens locais a se mexerem para resolver os problemas do povoado. A greve vira quase uma guerra. 
O marido de Leila, Sami (Saleh Bakri, "A banda"), está entre os homens liberais, é professor, ensina a mulher a ler, respeita os arroubos da amada e tolera o passado da jovem. É um exemplo de árabe, islamita, ou que seja, a ser seguido. Porém dezenas de homens da aldeia recebem a idéia com intolerancia e impaciencia e partem para agressão. Lá pelas tantas, por ser tratar do mundo árabe, a questão religiosa tenta se impor.
           O filme trata de assuntos sérios, e são as canções (que no início me deixaram em dúvida se deveriam ser inseridas ou não), que tornaram a história mais leve. Afinal, como tratar de assuntos que afrontam o fundamentalismo religioso, cultural e social?! Para o diretor, não houve problemas, acho que ele colocou o dedo na ferida certa principalmente em uma época onde vimos várias rebeliões e quedas de líderes no mundo árade (Síria, Egito). 
         Religião, cultura, atraso, machismo, opressão e vitória. Os ingredientes certos para mostrar que "o islã das luzes" está por vir, e nele homens e mulheres serão todos iguais. 



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