José e Pilar. Dois nomes. A história de duas vidas que se unem, que se fundem. O filme para mim foi um documentário sobre o amor, que mostra um Saramago diferente daquele que me acostumei nos livros. O pessimismo com a humanidade, a falta de fé, a descrença religiosa, o comunismo, tudo aparece em cada frase do escritor português. Mas apesar do realismo escancarado de Saramago, ele deixa transparecer um homem disposto a viver com intensidade, paixão. Mesmo com a velhice e a saúde debilitada ele nunca desistiu, e, parte dessa força tinha nome e sobrenome: Pilar del Río. A jornalista intensa, braba, irritadiça era o contraponto do escritor de aparência tranquila e livros tão sempre ousados. Quando foi lançado "A viagem do elefante" li uns pedaços e decidi dar o livro de presente, nunca soube se a leitura foi boa ou não. Mas depois de ver o processo de criação, as dificuldades, a paixão pelo trabalho, a revolta e o amor pela pátria Portuguesa, depois de ver como a vida é cada vez mais preciosa, coloco o mestre no pedestal dos imortais. E como ele mesmo dizia, repito: "Medo? Não. A morte para mim é a diferença entre estar e já não estar".
Um comentário:
Saramago, o único Nobel da nossa língua portuguesa, escrevia muito e não se deixava enganar pela maioria das ilusões que afetam grande parte da humanidade. Somente uma ilusão ele tinha, a do comunismo. Afora isso, valorizava a vida e as coisas boas que ela podia proporcionar como só um ateu poderia valorizar... Afinal, sabemos que ninguém está a cuidar de nós lá de cima, e que a vida é uma só e depois dela nada há.
O filme é espetacular.
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