'S Wonderful! 'S Marvelous! You should care for me! 'S awful nice! 'S paradise! 'S what I love to see!
quinta-feira, agosto 31, 2006
terça-feira, agosto 29, 2006
Receita de mulher
As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental.
É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível.
É preciso
Que tudo isso seja belo.
É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens.
É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado.
É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como o âmbar de uma tarde.
Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas.
Nádegas é importantíssimo.
Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente.
Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes.
Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteia em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebal
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério.
Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos.
A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau.
Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar.
Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas.
Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida.
Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.
Vinicius de Moraes
Mas beleza é fundamental.
É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível.
É preciso
Que tudo isso seja belo.
É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens.
É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado.
É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como o âmbar de uma tarde.
Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas.
Nádegas é importantíssimo.
Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente.
Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes.
Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteia em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebal
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério.
Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos.
A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau.
Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar.
Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas.
Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida.
Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.
Vinicius de Moraes
segunda-feira, agosto 28, 2006
Miami Vice, Nice.
Muito Armani Style e nenhuma pretensão em atrevessar os mares para chegar em Cuba. Um Luxo!
sábado, agosto 26, 2006
Bootylicious
Então Lerina deixou de ladinho as mulheres esquálidas e bulímicas e hoje me surpreendeu publicando na sua magríssima Contracapa de sempre espécies que sim, são as mais adoradas pelos homens de bom gosto. Finalmente, nossa hora, chegou (digo nossa, porque tanto eu como Beyoncé, Shakira, Juliana Paes e Jennifer Lopez compartilhamos a mesma escola de curvas... se é que vocês me entendem?!).
quinta-feira, agosto 24, 2006
"A Mulher Maravilha é perfeitinha, então sua fraqueza não pode transformá-la em uma pessoa má, ou em um personagem fraco. Então eu pensei em torná-la insaciavelmente curiosa. Todos meus personagens ficcionais favoritos parecem vir de fazendas, e todos parecem ter o que se chama de Complexo de Dorothy – eles têm tudo que precisam em casa, mas querem enxergar além do arco-íris. É assim com a Mulher Maravilha: ela mora no lugar perfeito e quer ir ao mundo dos homens, e conhecer pessoas, e conversar com estranhos, e aprender sua cultura. Pensei que, nas mãos de um escritor meia-boca, esta curiosidade insaciável, essa coisa à la Marco Pólo, "tenho que conhecer o mundo", poderia colocar qualquer personagem em perigo. Ela têm essa necessidade insaciável de conhecer e ver o mundo. Ela é Dorothy Gale, Luke Skywalker, James Kirk – ela quer sair da fazenda".
Adam Hughes - o novo pai "que desenha" dessa Amazona que vos fala!
O grifo em negrito é meu, concordo com tudo, tudinho!
quarta-feira, agosto 23, 2006
quarta-feira, agosto 16, 2006
terça-feira, agosto 15, 2006
Just like a star...
Mal lançou seu disco de estréia e já conquistou rádios, toca discos, fãs e até trilha de novela! Corinne Bailey Rae é uma dessas novidades apaixonantes que, a cada ano, surge em algum lugar do mundo. Apontada como a revelação de 2006, Corinne vem da Inglaterra e desliza muito bem na denominada soul music. Com um som flutuante e sem fazer esforço, ela não só canta como é multi-instrumentista e compositora das faixas de seu disco. Pequena, delicada, mas adorável. Essa é a voz que com uma opção de música envolvente, sincera e muito bem produzida, conquista já na primeira faixa. Com um estilo próprio e uma doçura moleca Corinne consegue cantar o amor com leveza, a amizade com graça e a alegria de viver com as notas de seu violão. A melhor definição de seu disco saiu de sua própria boca: “ Um pouco de tudo: é relaxante, acústico, excêntrico e cheio de sentimento”. Tá certa, certíssima, Corinne! Comprovem, é por minha conta e risco!
segunda-feira, agosto 14, 2006
quinta-feira, agosto 10, 2006
terça-feira, agosto 08, 2006
ELE VEEEEEEM!!!!
Não tá no site dele, mas tá no jornal de hoje e no site do Opinião: 10 de setembro, Tearo do Sesi: Jamie Cullum!!!! Iriiiiiiii!!! Sobe no piano, quebra o piano, enlouquece de All Star!!!
Imperdível! Incrível! Ai, ai, ai!
Imperdível! Incrível! Ai, ai, ai!
segunda-feira, agosto 07, 2006
1.
Gente chata, eu pensava. E logo me sentia culpado por taxar de chatos amigos bacanas que conhecia desde os tempos da faculdade. Entre uma garfada e outra de peixe, sentia a perna esquerda dela tocar delicadamente na minha perna direita. Era o bastante para meus pêlos do antebraço se ouriçarem. Melhor desdobrar os punhos da camisa, eu pensei, logo esquecendo de fazer isso.
Os outros ocupantes da mesa redonda, a única mesa redonda do restaurante, estavam alegres pelo reencontro comigo, por conhecerem a minha garota e pela sexta garrafa de uma reserva especial de Tannat italiano muito generoso e digno daquela celebração. O que seria dessas noites se Gloria Kalil e Célia Ribeiro não houvessem liberado o vinho tinto com peixe, eu pensava. Estaríamos condenados a vinhos brancos e suaves - e o pior - originários da Argentina. Tentei me ater à conversa que me cercava.
Eles queriam me prender!
E eu fui fazer a cobertura para ele.
Claro, eu faria mesma coisa.
Ninguém gosta de sonegar imposto, mas vocês sabem?!
Não acha?
Notei que esse não era comigo.
Claro, também sonegaria, se tivesse algum dinheiro!
Acharam engraçadíssimo. Riram muito e muito alto. Gente chata que fez de tudo pra ter empregos milionários em cargos públicos e colunas de jornais, bons amigos chatos, chatos e de pilequinho. Notei que ela nem tocara na comida em seu prato, eu sabia que à noite, ela era comedida em jantares. Pelo menos atacava sem muito entusiasmo a salada, mais para disfarçar, regando tudo com boas quantidades do Tannat.
Tá tudo bem? Perguntei ao ouvido dela, sentindo seu perfume doce.
Tudo, ela disse, voltando ao mundo naquele exato momento e sorrindo com aquela graça de menina-moça.
Quer?! A gente se manda daqui?!, eu disse de novo, ainda mais perto do seu ouvido.
Ela não respondeu. Apenas sorriu ainda mais francamente e me deu um daqueles beijinhos no queixo que amolece o coração de qualquer cristão-novo. Uma felicidade me envolveu em golpes violentos. Fazia tempo que eu não sentia isso. Ninguém mais era chato por ali. Fui anunciando:
Acho que já vamos indo, falei, sob protestos dos convivas,
Jááááá?!
Falta uma garrafa???
É, vai fazer o quê em casa?
Trabalhar!?
Essa hora? E todos queriam um porquê.
Nós, os escritores, não temos hora certa para trabalhar, disse um amigo que eu considerava um perfeccionista.
Todos ergueram suas taças.
Olha que quem trabalha muito não arruma tempo pra ganhar dinheiro...,disse meu mais estimado amigo da roda.
É, é isso aí! Mais uma garrafa!, falou sua esposa, já com o batom um tanto borrado.
Quá-quá-quá, rá, rá, rá, todos uivando. Uma das mulheres caiu no chão. Enquanto o pessoal das outras mesas saía de fininho, nossos amigos se finavam de rir. A mulher caída implorava socorro.
Ai, ai, ai. Alguém me ajuda!
Fica por aí, disse seu marido, dobrando-se de rir.
Dois garçons a socorreram. Pobre mulher, eu pensei, sem conseguir encontrar muita graça naquilo. Ela fora minha colega num antigo emprego, produzindo um programa de rádio, depois se casou com aquele bom amigo escritor, que eu jamais imaginava beber qualquer coisa que levasse álcool e que estava ali, matando-se de rir da mulher capotada no chão.
Cruzamos a porta do restaurante e logo, uma lufada de vento nos brindou como um rito de renovação misturado com higiene pessoal.
Eles não são sempre assim, eu disse, enfiando o braço por dentro do casaco dela, e apertando sua cintura.
Claro que não, ela falou. Ninguém é do mesmo jeito o tempo inteiro.
Nunca tinha pensando nisso...
Burro!, ela disse, mordendo, rapidinho, um pedaço da minha orelha.
E pensei comigo, quem dera toda a exclamação que me deprecia viesse com essa mordida, esse perfume, esse encanto que enfim, só poderia vir dela.
Anda mocinho, tá esperando o quê? Ela disse, anexando ao final da interrogação aquele sorriso brando que me enfeitiça.
Fechei a porta, liguei o carro, engatei a marcha, fiz uma pausa. E logo ouvi:
Vamos?!
Os outros ocupantes da mesa redonda, a única mesa redonda do restaurante, estavam alegres pelo reencontro comigo, por conhecerem a minha garota e pela sexta garrafa de uma reserva especial de Tannat italiano muito generoso e digno daquela celebração. O que seria dessas noites se Gloria Kalil e Célia Ribeiro não houvessem liberado o vinho tinto com peixe, eu pensava. Estaríamos condenados a vinhos brancos e suaves - e o pior - originários da Argentina. Tentei me ater à conversa que me cercava.
Eles queriam me prender!
E eu fui fazer a cobertura para ele.
Claro, eu faria mesma coisa.
Ninguém gosta de sonegar imposto, mas vocês sabem?!
Não acha?
Notei que esse não era comigo.
Claro, também sonegaria, se tivesse algum dinheiro!
Acharam engraçadíssimo. Riram muito e muito alto. Gente chata que fez de tudo pra ter empregos milionários em cargos públicos e colunas de jornais, bons amigos chatos, chatos e de pilequinho. Notei que ela nem tocara na comida em seu prato, eu sabia que à noite, ela era comedida em jantares. Pelo menos atacava sem muito entusiasmo a salada, mais para disfarçar, regando tudo com boas quantidades do Tannat.
Tá tudo bem? Perguntei ao ouvido dela, sentindo seu perfume doce.
Tudo, ela disse, voltando ao mundo naquele exato momento e sorrindo com aquela graça de menina-moça.
Quer?! A gente se manda daqui?!, eu disse de novo, ainda mais perto do seu ouvido.
Ela não respondeu. Apenas sorriu ainda mais francamente e me deu um daqueles beijinhos no queixo que amolece o coração de qualquer cristão-novo. Uma felicidade me envolveu em golpes violentos. Fazia tempo que eu não sentia isso. Ninguém mais era chato por ali. Fui anunciando:
Acho que já vamos indo, falei, sob protestos dos convivas,
Jááááá?!
Falta uma garrafa???
É, vai fazer o quê em casa?
Trabalhar!?
Essa hora? E todos queriam um porquê.
Nós, os escritores, não temos hora certa para trabalhar, disse um amigo que eu considerava um perfeccionista.
Todos ergueram suas taças.
Olha que quem trabalha muito não arruma tempo pra ganhar dinheiro...,disse meu mais estimado amigo da roda.
É, é isso aí! Mais uma garrafa!, falou sua esposa, já com o batom um tanto borrado.
Quá-quá-quá, rá, rá, rá, todos uivando. Uma das mulheres caiu no chão. Enquanto o pessoal das outras mesas saía de fininho, nossos amigos se finavam de rir. A mulher caída implorava socorro.
Ai, ai, ai. Alguém me ajuda!
Fica por aí, disse seu marido, dobrando-se de rir.
Dois garçons a socorreram. Pobre mulher, eu pensei, sem conseguir encontrar muita graça naquilo. Ela fora minha colega num antigo emprego, produzindo um programa de rádio, depois se casou com aquele bom amigo escritor, que eu jamais imaginava beber qualquer coisa que levasse álcool e que estava ali, matando-se de rir da mulher capotada no chão.
Cruzamos a porta do restaurante e logo, uma lufada de vento nos brindou como um rito de renovação misturado com higiene pessoal.
Eles não são sempre assim, eu disse, enfiando o braço por dentro do casaco dela, e apertando sua cintura.
Claro que não, ela falou. Ninguém é do mesmo jeito o tempo inteiro.
Nunca tinha pensando nisso...
Burro!, ela disse, mordendo, rapidinho, um pedaço da minha orelha.
E pensei comigo, quem dera toda a exclamação que me deprecia viesse com essa mordida, esse perfume, esse encanto que enfim, só poderia vir dela.
Anda mocinho, tá esperando o quê? Ela disse, anexando ao final da interrogação aquele sorriso brando que me enfeitiça.
Fechei a porta, liguei o carro, engatei a marcha, fiz uma pausa. E logo ouvi:
Vamos?!
***
sexta-feira, agosto 04, 2006
A flor do sonho alvíssima, divina
Miraculosamente abriu em mim,
Como se uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína.
Pende em meu seio a haste branda e fina.
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim!...
Milagre...fantasia...ou talvez, sina...
Ó flor, que em mim nasceste sem abrolhos,
Que tem que sejam tristes os meus olhos,
Se eles são tristes pelo amor de ti?!...
Desde que em mim nasceste em noite calma,
Voou ao longe a asa da minh'alma
E nunca, nunca mais eu me entendi...
Florbela Espanca (tava com saudade de postar a minha portuguesa preferida!)
Miraculosamente abriu em mim,
Como se uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína.
Pende em meu seio a haste branda e fina.
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim!...
Milagre...fantasia...ou talvez, sina...
Ó flor, que em mim nasceste sem abrolhos,
Que tem que sejam tristes os meus olhos,
Se eles são tristes pelo amor de ti?!...
Desde que em mim nasceste em noite calma,
Voou ao longe a asa da minh'alma
E nunca, nunca mais eu me entendi...
Florbela Espanca (tava com saudade de postar a minha portuguesa preferida!)
quarta-feira, agosto 02, 2006
ai que vontade que dá...
de tirar férias agora, já.
de não pisar na grama.
de pular a janela tomando cuidado.
de sentir cheiro de orvalho sem sentir frio.
de não ir trabalhar sem culpa, nem satisfações.
de deixar o cabelo sempre crespo.
de cantar "Can I walk with you " na rua.
de dizer não.
de dizer sim.
de ter um ninho de amor.
de fazer artesanato.
de conhecer um templo budista.
de não fazer nada.
de acender vela ao santo.
de ter mais coragem.
de ver qualquer filme.
de ler qualquer livro.
de dormir e dormir e dormir sem ninguém para me acordar.
de saber usar maquiagem.
de viajar sem rumo, nem direção.
de ouvir muita música.
de tomar banho de cachoeira.
de subir a serra.
de descer pra praia.
de cantar mais e melhor.
de saber dançar junto.
de dançar e dançar e dançar.
de viver num eterno domingo.
de não ter medo.
de não me irritar.
de mandar tulipas vermelhas.
de precisar de menos.
de saber a hora certa de falar.
de saber a hora certa de calar.
de acreditar nas escolhas.
de ter meus amigos por perto.
de perder peso em segundos.
de aprender francês, latim, javanês.
de fazer uma tatuagem.
de caminhar contra o vento, sem lenço e sem documento.
de dominar meus instintos.
de saber tocar bongô.
de não ter gripe.
de ganhar mais.
de gastar menos.
de colocar flores nas paredes.
de adotar uma criança.
de beber infinito e não ter dor de cabeça.
de rezar toda noite.
de brincar mais.
de brigar menos.
de não dormir no meio do Yoga Nidra.
de botar o seu no meu.
de saber dirigir.
de ser mais solidária.
de subir em árvore.
de estar à toá.
de estar na mira.
de ir pra casa e me atirar no sofá.
de ter um animal de estimação.
de ler mais revistas.
de voltar a estudar.
de encher as paredes de quadros.
de comer branquinho de panela.
de não trabalhar no final-de-semana.
de morder tua orelha.
de não ser chorona.
de chegar de surpresa.
de te ver.
de não pisar na grama.
de pular a janela tomando cuidado.
de sentir cheiro de orvalho sem sentir frio.
de não ir trabalhar sem culpa, nem satisfações.
de deixar o cabelo sempre crespo.
de cantar "Can I walk with you " na rua.
de dizer não.
de dizer sim.
de ter um ninho de amor.
de fazer artesanato.
de conhecer um templo budista.
de não fazer nada.
de acender vela ao santo.
de ter mais coragem.
de ver qualquer filme.
de ler qualquer livro.
de dormir e dormir e dormir sem ninguém para me acordar.
de saber usar maquiagem.
de viajar sem rumo, nem direção.
de ouvir muita música.
de tomar banho de cachoeira.
de subir a serra.
de descer pra praia.
de cantar mais e melhor.
de saber dançar junto.
de dançar e dançar e dançar.
de viver num eterno domingo.
de não ter medo.
de não me irritar.
de mandar tulipas vermelhas.
de precisar de menos.
de saber a hora certa de falar.
de saber a hora certa de calar.
de acreditar nas escolhas.
de ter meus amigos por perto.
de perder peso em segundos.
de aprender francês, latim, javanês.
de fazer uma tatuagem.
de caminhar contra o vento, sem lenço e sem documento.
de dominar meus instintos.
de saber tocar bongô.
de não ter gripe.
de ganhar mais.
de gastar menos.
de colocar flores nas paredes.
de adotar uma criança.
de beber infinito e não ter dor de cabeça.
de rezar toda noite.
de brincar mais.
de brigar menos.
de não dormir no meio do Yoga Nidra.
de botar o seu no meu.
de saber dirigir.
de ser mais solidária.
de subir em árvore.
de estar à toá.
de estar na mira.
de ir pra casa e me atirar no sofá.
de ter um animal de estimação.
de ler mais revistas.
de voltar a estudar.
de encher as paredes de quadros.
de comer branquinho de panela.
de não trabalhar no final-de-semana.
de morder tua orelha.
de não ser chorona.
de chegar de surpresa.
de te ver.
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